Clima de balada ofusca boa cozinha mediterrânea do Lavianna, no Itaim Bibi

Parece um certo contrassenso um restaurante que diz oferecer "alta gastronomia" proporcionar uma experiência com interferências tão brutais a afastar comensal e comida.

No Lavianna, que divide andar com a balada espanhola Sutton e com o restaurante Hisshô, ambos dos mesmos donos, música (muito alta), luz (muito baixa) e atendimento (despreparado) são obstáculos para o deleite.

Para pinçar uma indicação do cardápio (assinado por um chef espanhol estrelado, executado por um cozinheiro brasileiro), os garçons se valem de recursos como "sai bastante". Não mostram, portanto, nenhum repertório sobre os preparos.

Ainda que cheguem à mesa pratos bem-feitos da cozinha mediterrânea, os resultados são mais óbvios do que surpreendentes.

Houve uma baita confusão para apresentar as ostras sortidas; tiveram de ir e vir da cozinha em duas ocasiões. Mas os moluscos presentearam com sabor delicado, levemente adocicado, como que valendo-se de um resquício invernal, melhor época para consumi-los.

Dos pratos, sai-se bem o bacalhau. Um vistoso e carnudo lombo cozido delicadamente no vapor, com azeitona, manjericão e queijo fresco, surge acomodado em um creme de tomate (R$ 98).

Idem para o arroz carbonara (R$ 78), sob um "falso ovo frito", cuja clara trata-se de uma emulsão enriquecida com parmesão e a gema é mantida mole. Ao ser rompida, pois, penetra entre os grãos, al dente, embalados em um potente caldo de bacon.

Falta punch, porém, ao risoto de vegetais, insosso, com alcachofra e aspargos (R$ 43). Estes em pedaços tão miúdos que perdem a crocância atraente que lhes são peculiar.

O arroz, recorrente, aparece inclusive na sobremesa. Na versão preparada com leite de coco e manga (R$ 22), falha em dois pontos: traz grãos crus e não entrega a picância que promete no cardápio.

LAVIANNA
av. Brig. Faria Lima, 4.509, Itaim Bibi; tel. 94923-1137. Qui. e sex., das 20h às 3h; sáb., das 12h às 3h
Avaliação: bom

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