| Eduardo Knapp/Folhapress | ||
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| Kylvia Rahanúzia com sua vira-lata Amora |
Quando Kylvia Rahanúzia Bezerra, 42, ainda morava em Campinas, no interior de São Paulo, levar bicho para o veterinário era luxo. No bairro carente onde vivia faltava de tudo, principalmente assistência para os animais. Ela ajudava aqui e ali.
Mas foi com a mudança para São Paulo, há quase dez anos, que a coisa ficou séria. Pediram ajuda para ela resgatar uma cadelinha grávida. Como fechar os olhos? O que não esperava é que a peluda não teria nem um nem dois, mas 15 filhotes –e que 13 deles iriam vingar.
Uma semana depois, a mãe parou de amamentar. Foi aí que Kylvia, que tem um táxi-dog, precisou assumir a bronca: dar mamadeira para os bebês de duas em duas horas. "Eu terminava de alimentar o último e já estava na hora de o primeiro mamar de novo", lembra. Seguiu assim, sem descanso, por 20 dias.
De lá para cá, 600 filhotes nasceram e foram cuidados pela protetora. Incluindo os adultos, ela bate mil resgates. Entre eles, o de Amora, que nasceu sem ânus em uma aldeia no Pico do Jaraguá, zona norte. "Ela chegou para ser operada e devolvida. Mas eu não podia deixar um filhote especial em um lugar tão precário", conta. Virou o pet da casa.
Ainda que o foco sejam as ninhadas, Kylvia ajuda de tudo: porco, cachorro, coelho Até cabra. "Fui com outros protetores resgatar uma que seria sacrificada como oferenda. Ficamos quatro dias cercando o local, mas, na fuga, a polícia nos achou", conta.
O resultado foi um dia de detenção, do qual não se arrepende. "O que me marcou, mesmo, foi não ter conseguido salvar o bicho."
Para cuidar de tantos animais, Kylvia depende de doações, de ajuda de veterinários e do dinheiro do próprio trabalho.
A quem se importa com a causa, ela dá a dica: o que uma ONG faz por cem, qualquer pessoa pode fazer por um. "Se você encontrar um animal precisando de ajuda, dê suporte."
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KYLVIA RAHANÚZIA BEZERRA
- Mora em Perdizes (zona oeste)
- Já resgatou 600 filhotes de cachorro
- É tutora de Amora
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