Eduardo Knapp/Folhapress | ||
Alessandro Desco com seu pitbull, Guerreiro |
"Um vira-lata até se vira na rua, as pessoas dão comida. Um pitbull, não. Elas acham que vai atacar."
Assim o comerciante Alessandro Desco, 45, define por que escolheu se dedicar à raça.
Há oito anos, quando resgatou o primeiro pitbull, ele também tinha medo. "Tentei atraí-lo de longe. E aí chegou um homem, pegou o cachorro no colo e colocou no meu carro", conta. Simples assim. "É um animal carinhoso como qualquer outro."
O resgate acendeu o alerta para outros cães de raça que eram abandonados pela cidade. Começou a acompanhar pedidos de ajuda que circulavam pela internet. Resgatou um aqui, ajudou outro ali, e quando percebeu já era referência entre protetores.
Em 2011, no dia 18 de janeiro –seu aniversário–, Alessandro conheceu Guerreiro. O pitbull estava amarrado em um poste na estrada do Alvarenga, que liga São Paulo ao ABC, com os dentes quebrados, arame farpado no corpo e outros sinais de maus-tratos.
O cão ficou dois meses internado e mais seis em recuperação. E então ganhou o coração do dono.
De lá para cá, Alessandro resgatou cerca de 270 bichos. A maioria pitbulls, mas não só. "Se eu chego ao local e tem um vira-lata, levo também", conta. O gasto mensal com os animais –a maioria doentes e precisando de tratamentos caros– bate R$ 25 mil. O dinheiro vem em parte de doações, em parte do próprio bolso.
Até por isso, o protetor é rigoroso na hora de escolher um novo lar para seus tutelados. Não adianta mandar mensagem no WhatsApp –se quer mesmo, tem que ligar. E tem que ir até o hotel onde os cães ficam abrigados. Porque não é a pessoa que escolhe o animal, é o animal que escolhe a pessoa, diz ele.
"Já entrei em muita favela e até arranquei portão para resgatar cachorro. Mas pegar o animal tão humilhado e o ver resgatar a dignidade, voltar a ser o que era, não tem preço."
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ALESSANDRO DESCO
- Mora no Jardim Marajoara (zona sul)
- Já resgatou 270 cães, a maioria pitbulls
- É tutor de Guerreiro, vítima de maus-tratos
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