Em São Paulo, não faz mais sentido comer pizza só à noite

Hambúrguer na barbearia. Boteco e lava-rápido. Oficina de bike com coquetéis e petiscos. São Paulo reúne uma coleção inusitada de serviços de alimentação.

Resiste, porém, o preconceito contra a pizza na hora do almoço. Mas não por muito mais tempo.

Pizzarias novas e informais praticam preços baixos: elas precisam do almoço para trabalhar com lucro. É o caso da Divina Increnca, que passou a funcionar o dia todo na unidade de Perdizes.

"O imóvel ficava fechado metade do tempo, mas os custos fixos são os mesmos de um restaurante com almoço e jantar", afirma Rodolfo Guglielmi, um dos donos.

O morador de São Paulo finalmente começou a perceber que não faz sentido comer pizza apenas à noite. Já fez.

"Esse costume está relacionado com a informalidade das primeiras pizzarias da cidade", diz Silvana Azevedo, doutoranda da USP que se especializou na pesquisa da gastronomia italiana.

"O imigrante do sul da Itália trabalhava durante o dia e assava pizzas à noite, no próprio quintal, para complementar a renda."

A Cia Tradicional de Comércio, detentora da marca Bráz, testou a pizza vespertina em 2014, na abertura da Bráz Trattoria —um restaurante no Shopping Cidade Jardim.

"Funcionou bem e estendemos a experiência à Bráz de Pinheiros", diz o sócio Ricardo Garrido. E então veio a rede Bráz Elettrica, com serviço ininterrupto nas quatro unidades.

O ponto escolhido forçou a Napoli Centrale a apostar no período diurno.

"Quando começamos, o Mercado de Pinheiros trabalhava das 10h às 16h, conta Gil Guimarães, sócio da pizzaria. Segundo ele, o estilo napolitano de suas pizzas foi crucial para quebrar o preconceito. "Ela é menor, mais leve, rápida e barata, perfeita para o almoço."

ITALIANA DEGENERADA
A Divina Increnca faz pizzas inspiradas no estilo napolitano, mas não segue a cartilha por completo. Com tamanho individual e massa de fermentação natural, tem coberturas que fogem do minimalismo italiano. E os discos são assados em forno a gás. O cliente come com as mãos, em mesinhas na calçada. A calabresa, com queijo e sem cebola (R$ 25), vale a visita.

Rua Itapicuru, 751, Perdizes, Tel. 2574-4922 (mais dois endereços)

GRINGA ABUSADA
O pizzaiolo americano Anthony Falco, da Roberta's de Nova York, assina as receitas da rede Bráz Elettrica. São combinações ousadas e parcimoniosas, com ingredientes incomuns: purê de batata, mel, raspas de limão, pimenta jalapeño. O serviço lembra fast-food -pague no caixa e tome um pager-, mas as pizzas assadas em forno elétrico entregam o que prometem.

r. dos Pinheiros, 220, Pinheiros, tel. 3061-5132

NAPOLITANA ORTODOXA
A Napoli Centrale acaba de abrir a segunda unidade no Distrito Urbano, uma praça de alimentação sem shopping. As pizzas têm a chancela da AVPN (Associação da Verdadeira Pizza Napolitana), que impõe normas e procedimentos para os associados. Os fornos, de altíssima temperatura, trabalham com lenha. A margherita (R$ 26) é impecável.

r. Aureliano Guimarães, 100, Panambi

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