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Selos garantem a origem de madeiras nativas, que são destaque na decoração

Móveis e revestimentos de madeira maciça estão no topo da lista de favoritos de arquitetos e podem fazer a diferença em um projeto de decoração. Mas para ter em casa peças de espécies nativas sem prejudicar o ambiente é preciso garantir que o material esteja dentro da lei.

Essa tarefa não é simples. O Instituto BVRio estima que 70% dos produtos de espécies amazônicas têm origem ilegal, como roubo de unidades de conservação e uso de trabalho escravo.

O Ibama e o Ministério do Meio Ambiente exigem documento de origem florestal (DOF) e nota fiscal de toda madeira extraída na Amazônia, mas fraudes para legalizar material ilícito são comuns. Segundo a consultoria McKinsey, uma das formas de fraude é a venda de árvores nobres registradas como se fossem de menor valor.

Um modo de garantir que a madeira é legal é exigir selos de certificação. Eles são emitidos por instituições independentes que fazem vistorias frequentes nas áreas de plantação e nas indústrias de beneficiamento.

No Brasil, há dois selos: o da ONG alemã FSC e o do Cerflor (programa brasileiro de certificação florestal). O FSC não permite o uso de áreas desmatadas a partir de 1994 e limita a retirada para até três árvores por hectare –um campo de futebol– a cada 35 anos. Toda a cadeia de produção precisa seguir as normas trabalhistas.

"A certificação é uma ferramenta de mercado, as empresas querem se proteger de problemas socioambientais", explica Marcos Planello, coordenador de certificação florestal da Imaflora, ONG que aplica o selo FSC.

Segundo a diretora executiva do FSC no Brasil, Aline Tristão, a madeira certificada é até 50% mais cara do que a legalizada pelo Ibama.

Para saber se o móvel ou revestimento de madeira tem o selo FSC, basta acessar o site da ONG o site info.fsc.org e procurar pelo nome da empresa. O Cerflor disponibiliza uma lista de empresas certificadas.

Ciente das fraudes, o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama estão implantando um novo sistema, que vai informatizar a gestão florestal. Segundo André Sócrates, coordenador-geral da área de flora do Ibama, a partir de janeiro será possível saber o volume de madeira que sai legalmente da floresta e cada árvore será rastreada.

Alternativa às espécies nativas, plantações de pinus e eucalipto são usadas para a fabricação de móveis, como faz a Meu Móvel de Madeira, de Santa Catarina. "Ficamos mais tranquilos em trabalhar com espécies que foram plantadas para esse fim", afirma o diretor executivo da marca, Ronald Heinrichs.

CONFORTO

"Usamos muita madeira aparente nos anos 1960 e 1970. Agora, essa tendência voltou com tudo", diz o arquiteto Bruno Carvalho.

O material encanta os especialistas por seu aspecto nobre e único e pela grande diversidade de cores, espécies e acabamentos.

Os pisos de madeira são também mais funcionais para os moradores. "Traz conforto térmico, porque absorve o calor do corpo mais lentamente do que o piso frio", diz Marcelo Zamuner, gerente comercial da Indusparquet, fabricante de pisos.

Quando aplicada como revestimento, a madeira merece destaque no ambiente. "Coloque perto de objetos de outros materiais para criar contrastes e destacar a beleza da peça", afirma o arquiteto Guilherme Torres.

Carvalho aconselha harmonizar madeira com bases neutras. Na sala de uma casa, ele usou piso de cumaru e painéis de pau-ferro, combinados com tapete e móveis neutros. "Para não ficar sem graça, escolhemos texturas, como veludo e linho."

Outra tática para usar muita madeira sem deixar a casa com cara de chalé é combiná-la com outros materiais naturais, como pedra e linho. Em uma casa projetada pelo escritório Bernardes Arquitetura e com projeto de interiores do CSDA, a madeira é parte estrutural da sala e da área externa e também aparece nos móveis e objetos de decoração. O visual rústico é equilibrado com um piso de granito branco.

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PAU PARA TODA OBRA
Madeiras populares e onde são usadas

PINUS
Família de árvores que foi trazida para o Brasil, é popular em plantações para produção de celulose, mas também é usada na fabricação de móveis maciços e MDF

EUCALIPTO
Sua aplicação mais comum é na produção de celulose, na construção civil, na fabricação de MDF e de móveis com a madeira maciça, vinda de florestas plantadas

TECA
Tem origem no sudeste asiático e é outra opção para florestas plantadas. Sua madeira é resistente e pode ser matéria-prima para pisos e móveis, inclusive na área externa

CUMARU
É campeã de vendas entre pisos, tacos e assoalhos por ser dura e aguentar bem o impacto das pisadas. Sua cor, o castanho, também é apreciada no mercado

IPÊ
Facilmente encontrada em cidades, tem boa resistência a ataques de insetos e é boa para estruturas de construção civil, tacos e batentes de portas e janelas

PEROBA
São diversos tipos, como a dourada. Resistente, é utilizada em pisos e também na construção civil. A peroba-rosa é a mais usada para assoalhos de madeira de demolição

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