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Associações de bairro se modernizam com aplicativo e cartão fidelidade

As associações de moradores estão investindo em tecnologia e novas formas de atrair membros, tudo com o objetivo de manter a tradição de fiscalizar as ações do poder público nas cidades e melhorar a qualidade de vida.

No Brooklin Velho (zona sul de São Paulo ), a entidade local firmou umas parceira com uma start-up para desenvolver um aplicativo, com o intuito de concentrar dados como os locais com mais furtos e assaltos e as ruas com mais trânsito. O projeto ainda está no início.

De acordo com Marco de Biasi, 52, da diretoria da associação, a plataforma deve funcionar como uma espécie de Waze, sendo alimentada com informações fornecidas pelos próprios moradores.

"Com esse tipo de comunicação, as pessoas deverão se sentir menos inseguras", afirma de Biasi.

CARTÃO FIDELIDADE

Também na zona sul, a entidade da Vila Nova Conceição criou um cartão fidelidade que dá descontos para moradores no comércio local. A ideia é manter uma política de boa vizinhança com os empresários e chamar quem mora no bairro para participar.

Para o vice-presidente do grupo, Floriano Pesaro, 49, iniciativas como essa facilitam a integração.

"Sem a ação da comunidade, corre-se o risco de ter o seu bairro agredido por decisões do poder público e depois é muito mais difícil mudar o que já está em funcionamento", afirma.

Nesse sentido, Fábio Fortes, presidente da Associação de Moradores e Comerciantes de Santa Cecília e Higienópolis (centro de São Paulo ), avalia que o envolvimento da população poderia ser bem maior, mas acaba acontecendo apenas quando existe uma demanda pontual, como uma poda de árvore ou um buraco na rua.

Fortes acredita, no entanto, que o comportamento deve mudar.

"Depois de tanto uso das redes sociais, as pessoas vão acabar sentindo falta do convívio coletivo e então perceberão que será preciso trabalhar de forma cooperada para reconstruir uma cidade mais humana."
De Biasi, do Brooklin Velho, segue na mesma linha.

"É preciso ter uma colaboração entre todos. Um bairro como o Brooklin Velho é ideal para esse tipo de trabalho em conjunto, de interação entre as pessoas", afirma.

Rafael Roncato/Folhapress
Cássio Calazans, 59, presidente da Sociedade de Amigos da Vila Madalena, em padaria do bairro da zona oeste de SP
Cássio Calazans, 59, presidente da Sociedade de Amigos da Vila Madalena, em padaria do bairro da zona oeste de SP

Na Vila Madalena (zona oeste da capital ), os comerciantes também estão sendo chamados para participar.

A associação do bairro vai propor que os empresários coloquem, cada um, duas câmeras em frente aos estabelecimentos na tentativa de inibir os furtos no bairro.

"As mudanças precisam ser de dentro para fora", afirma Cássio Calazans, 59, presidente da entidade, cuja fundação data de 1959.

Fortalecer a relação entre moradores e comerciantes foi ainda a tática empregada para tentar resolver um clássico problema do bairro: o barulho gerado pelos bares.

"Isso é o que mais pega no dia a dia, por isso achamos que é possível compor os interesses do comércio com os dos moradores e adotar uma política de conciliação", diz.

Calazans diz ouvir todo tipo de demanda, desde as mais comuns, como lâmpadas queimadas nos postes de iluminação pública, até o pedido de socorro para resgatar uma capivara que apareceu machucada no rio Pinheiros.
Mas uma das pautas mais recorrentes está relacionada ao espírito boêmio do bairro: o Carnaval de rua.

"Não somos contra o Carnaval. O problema são os excessos. Não é justo que uma festa de quatro, cinco dias, se torne um evento de um mês que deixa os moradores ilhados em suas casas. O bairro não tem capacidade para absorver milhares de pessoas."

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