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centro e zona norte

Fazenda de José Bonifácio em Santana recebeu visita do imperador em 1865

A estrutura improvisada da Ponte Grande, sobre o rio Tietê, era a ligação entre Santana, um dos bairros mais antigos de São Paulo, e a região central da cidade.

Era uma pinguela, ponte rústica feita de madeira, explica o historiador Bruno Sanches Baronetti. Provavelmente foi construída ali, afirma, por ser um trecho mais estreito do rio Tietê, o que facilita a implementação.

A Ponte Grande era um caminho muito utilizado por quem ia a cidades do interior como Campinas ou Bragança Paulista, e integrava a rota que levava até o estado de Minas Gerais.

Alberto Rocha/Folhapress
Ponte das Bandeiras, que substituiu a Ponte Grande em 1942
Ponte das Bandeiras, que substituiu a Ponte Grande em 1942

Registro de 1865 mostra a travessia da comitiva de Dom Pedro 2º, com seus cavalos e carruagens, pela construção.

Não se sabe ao certo o motivo da viagem de Dom Pedro 2º para Santana. A principal hipótese era uma visita à sede da Fazenda Sant'Ana, criada pelos jesuítas no século 16 e que, após a expulsão do grupo, serviu de residência para José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838).

Foi ali que ele redigiu o manifesto pela permanência de Dom Pedro 1º no Brasil, instrumento decisivo para a independência do país.

À época da fotografia, José Bonifácio já tinha morrido, mas alguns de seus descendentes continuavam morando na propriedade, explica Maíra Dias, professora do curso de história da Universidade Estácio. Uma possibilidade é a de que o imperador estava indo passar alguns dias por lá. Visitas assim eram comuns na época.

Hoje, o espaço onde existiram a sede da Fazenda Sant'Ana e o Solar dos Andradas deu lugar ao Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo, na rua Alfredo Pujol.

Alguns anos depois do registro, em 1893, foi inaugurada a estrada de ferro da Cantareira. A ferrovia foi instalada para transportar os materiais usados na construção do reservatório de água no alto da serra, e passou a transportar também passageiros –era o "Trem das Onze", da música de Adoniran Barbosa, que chegou a ir do centro de São Paulo até Guarulhos.

Alberto Rocha/Folhapress
Ponte das Bandeiras, que substituiu a Ponte Grande em 1942
Ponte das Bandeiras, que substituiu a Ponte Grande em 1942

"É possível que, tempos antes da inauguração da ferrovia, Dom Pedro 2º já estivesse na região para estudar sobre a instalação da estrada de ferro", diz a professora.

O fato é que a inauguração da ferrovia mudou a história da zona norte. A estrutura facilitou o acesso à região e atraiu moradores, em sua maioria imigrantes vindos de vários países. Eles compravam lotes a preços baratos e deram origem a diversos bairros no entorno das linhas do trem, como Mandaqui, Tremembé e Tucuruvi.

O historiador Bruno Baronetti conta que as terras no alto de Santana são historicamente mais caras por causa da posição privilegiada, literalmente no topo.

MAIS CARO DA ZONA NORTE

Mais de 150 anos depois, Santana continua o reduto do alto padrão na zona norte. O metro quadrado mais caro da região está lá –R$ 8.153, segundo levantamento do Grupo ZAP VivaReal.

O bairro também é o segundo com maior número de lançamentos nessa parte da cidade. De 2013 a 2017, foram 2.224 novos apartamentos anunciados. Fica atrás apenas de Pirituba, com 3.128.

Tradicionalmente ocupado por amplos apartamentos voltados a famílias, o bairro começa a ganhar empreendimentos mais compactos.

Entregue em outubro, o Articon One, da Articon, tem imóveis de 42 metros quadrados, um dormitório, e valor de R$ 420 mil.

Um mês antes, foi entregue o Santana Soho, da Veiga Junior. Os apartamentos de 42 metros quadrados custam, em média, R$ 340 mil.

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