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compactos e compartilhados

Área comum integrada e serviço que poupa tempo estão em alta em prédios

Espaços que permitem economia de tempo e dinheiro e, ainda, a socialização dos moradores em ambientes integrados devem dominar as áreas comuns dos condomínios nos próximos anos.

A tendência vale para todo tipo de empreendimento, não importa o padrão, de acordo com os especialistas do mercado imobiliário.

"Existe um redução no tamanho dos apartamentos das famílias, mas não na qualidade de vida, graças aos espaços comuns", diz Fátima Rodrigues, diretora de vendas de lançamentos da imobiliária Coelho da Fonseca.

Por trás dessa mudança no jeito de morar, está o conceito de compartilhamento. "O conceito veio para ficar e terá reflexos enormes na forma de morar e de trabalhar", afirma Claudio Bernardes, membro da diretoria do Secovi-SP (sindicato da habitação) e colunista da Folha.

No entendimento de Bernardes, ao compartilhamento de veículos se sucederá o de espaços até hoje privativos. "Em 10 ou 12 anos, será comum que apenas o quarto e o banheiro sejam privativos e que todos os moradores do andar -sendo ou não da mesma família- compartilhem a sala e a cozinha."

Alexandre Frankel, diretor-executivo da Vitacon, também enxerga o compartilhamento como algo definitivo. "As pessoas estão percebendo que é mais inteligente compartilhar coisas que não são necessárias o tempo todo."
Ele cita uso de ferramentas, bicicleta e carro -comodidades que já viraram itens de série da construtora, assim como a cozinha espaçosa com mesa de jantar para uso comum. A empresa, voltada para o mercado paulistano, testa agora a aceitação do primeiro apartamento para hóspedes comum a todas as unidades de um edifício.

Em Santa Catarina, é uma aeronave coletiva que chama a atenção no condomínio de casas Altos da Serra.

"Manter um helicóptero sozinho sai muito caro, mas não se ele for compartilhado", diz Fernando Luiz Weber, responsável pelo empreendimento. "O helicóptero otimiza o tempo do nosso cliente que vem passar o fim de semana na Serra do Rio do Rastro", afirma o diretor da Weber Empreendimentos.

Poupar tempo é a principal justificativa para a criação de espaços e serviços fora da área privativa. "Atualmente as pessoas desejam tudo o que lhes dá mais momentos com a família", afirma Fátima Rodrigues, da Conselho da Fonseca. "Tendo o espaço fitness montado no térreo, o morador chama o personal trainer, faz seu treino e não gasta horas no trânsito nem uma fortuna numa academia externa. Enquanto isso, o filho está na aula de tênis ou de inglês a poucos passos dali e na segurança do condomínio."

Se, além de poupar tempo, um ambiente ou serviço também garantir bem-estar e momentos de socialização, maior será a adesão dos moradores.

Por isso a convicção de gente do mercado de que por uns bons anos ainda farão sucesso determinadas áreas compartilhadas. Principalmente quando é possível contratar o próprio professor de ginástica, a própria manicure etc. São elas: academia, beauty care (salão de beleza), coworking e costudying (espaços de trabalho e de estudo), quadras esportivas, salão de jogos, piscina e espaço gourmet (ou cozinha coletiva).

A lavanderia coletiva, em especial nos prédios de estúdios, também se mantém essencial, assim como o espaço pet, mais recente.

"Nos estandes de vendas, é muito comum o cliente dizer que o apartamento é para ele e seu filho de quatro patas. Então o edifício precisa ter um local para o morador andar com o cachorro e, se possível, dar banho nele", diz a arquiteta Andrea Possi, diretora de incorporação da MAC Construtora.

Por alguns anos, ela se frustrou ao visitar empreendimentos com meses de ocupação e descobrir que áreas coletivas -como redário e sala de leitura- não eram utilizadas. "Estávamos investindo na multiplicação de espaços, enquanto os moradores queriam ambientes integrados, funcionais e com internet de qualidade", afirma.

"Hoje disponibilizamos menos espaços, todos mais próximos entre si e envidraçados. A ideia é que, estando no beauty care, por exemplo, se enxergue o que está acontecendo na brinquedoteca e na academia", diz Andrea.

Essa alteração no conceito dos projetos surtiu efeito na clientela das imobiliárias, segundo Fátima. "O consumidor se interessa mais quando vê que o salão de festas do prédio pode se unir à área de churrasqueira, ao salão de jogos, ao salão infantil, ao playground etc". Ou seja, o morador pode alugar todos os espaços ou apenas parte deles.

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Linha do tempo dos espaços coletivos dos prédios

Anos 1970 e 1980 - Os edifícios eram entregues com garagem, salão de festas e playground, mas nem sempre esses ambientes eram equipados e decorados

Rachel Guedes - 29.nov.1998/Folhapress
Moradores de condomínio do bairro de Perdizes, na zona oeste de SP, na área da piscina, em 1998

Anos 1990 - Na segunda metade da década, somam-se às comodidades já existentes a piscina, a churrasqueira e a sala para ginástica

Anos 2000 - Surge o conceito de condomínio clube ou condomínio resort, que reúne brinquedoteca, espaço mulher, espaço kids, academia de ginástica, quadras poliesportivas, sala de leitura, salão de jogos e piscina coberta, já equipados e decorados pela construtora

Raquel Cunha - 18.jul2015/Folhapress
Condomínio resort em Piracicaba, no interior de SP

Anos 2010 - Na primeira metade da década, surgem a lavanderia comunitária, a sala de reunião, o co-working, o co-studying (espaço de estudo), o bicicletário, a oficina para manutenção de bikes, bicicleta compartilhada, espaço para personal trainers nas academias, vending machines (máquinas de venda direta de produtos), wi-fi nas áreas comuns, depósito refrigerado, vestiário para funcionários dos apartamentos, serviços sob demanda de arrumadeiras e de lavanderias

Anos 2020 - Deve ganhar força o compartilhamento de carros e motos, o apartamento para hóspedes, o espaço pet e hortas. O lobby se transformará numa grande sala para interação das pessoas

Raquel Cunha/Folpress
Espaco Pet do empreendimento Biografia Vila Mariana, na zona sul de SP

Fontes: Alexandre Frankel, da Vitacon, Andrea Possi, da MAC, e Fátima Rodrigues, da Coelho da Fonseca

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