A zona norte de São Paulo é o destino certo para quem procura apartamentos espaçosos. Na contramão dos estúdios cada vez mais diminutos que dominam o mercado, a região teve um aumento de mais de 500% nas unidades de quatro dormitórios em dois anos, saltando de 14 em 2016 para 92 no ano passado.
Para se ter uma ideia, nesse mesmo período, a oferta dos imóveis tamanho família em toda a cidade cresceu 75%, chegando a 1.388 unidades.
Esse crescimento é reflexo da recuperação do setor, indica o economista-chefe do Secovi-SP (sindicato da habitação), Celso Petrucci.
"Há uma demanda reprimida de imóveis grandes", corrobora o arquiteto Abel Sabel, 55, que fundou em 1984 a incorporadora com o nome da família.
"O morador da zona norte é bairrista. Não quer mudar de região, mas sem opção de imóveis modernos e confortáveis para a família, estavam migrando para locais como Higienópolis e Pacaembu", afirma Sabel.
Ele cita como exemplo da alta procura o empreendimento The Point. As unidades de 472 metros quadrados foram vendidas há três anos por R$ 12 mil o metro quadrado. Hoje, são revendidos por R$ 18 mil –preço similar ao de prédios de alto padrão nos arredores do parque Ibirapuera.
Animado com o resultado, Sabel investiu em outros dois lançamentos do gênero. O H300 tem apartamentos de 265,80 metros quadrados e está em fase final de obras. E o The Griffe, com plantas de 253 metros quadrados, foi lançado no mês passado. Os dois ficam na rua paralela ao The Point, próximos à avenida Braz Leme, a região mais valorizada da zona norte.
"A Braz Leme é um bolsão de valorização da zona norte por ser um parque linear, arborizado e com área para a prática esportiva, além de fácil acesso a outras partes da cidade por estar perto da marginal Tietê", diz Alberto Ajzental, professor e coordenador do curso imobiliário da FGV (Fundação Getulio Vargas).
No segundo semestre, a Sabel programou mais um lançamento, o Sky, no Alto de Santana, com quatro suítes, e área útil de 211 metros quadrados.
Perto dali, no Jardim São Bento, a FAO Building Engenharia entregou recentemente o Piazza di Roma. Desenhado em estilo neoclássico, o edifício tem apartamentos de 256 metros quadrados e seis vagas na garagem.
Outra que voltou a apostar no modelo tamanho família é a Cyrela. Ela lançou no ano passado, após cinco anos sem investir em empreendimentos desse perfil, o Grand Nord, com unidades de 167 metros quadrados e quatro suítes.
Fica na região de Santa Teresinha, um bairro pequeno do distrito de Santana que no início do século 20 abrigava sítios e fazendas e atualmente exibe espigões.
"Quase não há mais unidades à venda", diz Piero Sevilha, diretor de incorporações da Cyrela. "Santana tem vocação e demanda para quatro dormitórios compactos."
O Grand Nord é também smart, de acordo com a incorporadora. Será entregue em 2022 com facilidades como pontos de propagação de internet sem fio, locais para a instalação de câmeras, tomadas de USB e piso laminado na sala e dormitórios.
"A escassez de oferta desse tipo de produto também ajudou a determinar nosso sucesso", afirma Sevilha.
*
H300
Onde fica rua Heliodora, 300
Área útil 265,80 m²
Valor R$ 3,2 milhões
Construtora Sabel
*
Grand Nord
Onde fica rua Santo Egídio, 684
Área útil 108 e 164 m²
Valor R$ 885 mil e R$ 1,35 milhão
*Construtora* Cyrela