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Para sociólogo britânico, Rio pode repetir Londres-2012 e reverter reprovação

Os Jogos Olímpicos do Rio nunca foram tão criticados dentro e fora do Brasil quanto agora. Porém, para o sociólogo britânico David Goldblatt, é possível que a onda de pessimismo contra a Olimpíada seja arrefecida assim que os atletas começarem a ganhar as primeira medalhas no dia 6 de agosto.

Em entrevista à BBC, o sociólogo afirma que os Jogos cariocas podem estar vivendo experiência semelhante à Olimpíada de Londres, em 2012, quando uma crise do esquema de segurança e o temor de atentados terroristas dominavam as manchetes dos jornais britânicos pouco antes do início do evento.

Divulgação
O sociólogo britânico David Goldblatt
O sociólogo britânico David Goldblatt

"Tudo começou a mudar com a cerimônia de abertura. Tudo bem que o orçamento foi de US$ 80 milhões, mas Danny Boyle [diretor de cinema e da cerimônia] deu show e ajudou a criar um clima de euforia que não ficou restrito apenas a Londres e contagiou o resto do país", diz o especialista britânico, autor do livro "The Games: A Global History of the Olympics" ("Os Jogos: Uma História Global das Olimpíadas", em tradução livre para o português).

"Ajudou muito também que, logo nos primeiros dias da competição, a equipe britânica ganhou medalhas de ouro atrás de medalhas de ouro", lembra Goldblatt. "Algo semelhante pode ajudar a entusiasmar o público no Rio e no Brasil", afirma.

CANSAÇO

A conturbada entrega dos apartamentos da Vila Olímpica não é o único fator que levou a um aumento das críticas aos organizadores.

Para o sociólogo, o aumento da reprovação da população aos Jogos Olímpicos, chegando a 50%, como divulgado em pesquisa Datafolha publicada no último dia 19, pode ser explicado pelo cansaço causado pelo excesso de grandes eventos esportivos realizados na capital fluminense nos últimos anos –o Rio foi sede dos Jogos Pan-Americanos em 2007, da Copa das Confederações em 2013 e da Copa do Mundo de futebol em 2014.

"Isso é ainda mais complicado quando esses eventos não deixaram o legado social prometido em termos de obras urbanas. E os Jogos são o último dos problemas quando você tem servidores públicos com salários atrasados, uma economia que encolheu quase 4% no último ano e uma senhora crise política", avalia Goldblatt.

Somam-se a isso tudo as reações negativas pelas ameaças terroristas ligadas ao Estado Islâmico e o escândalo de doping russo, gerando uma tempestade perfeita de negativismo para os Jogos.

"Os Jogos do Rio estão no centro de um festival de desastres, que na verdade não devem ser apenas atribuídos à cidade e ao país –ficou claro, por exemplo, que o modelo de gigantismo olímpico está ultrapassado e precisa ser repensado", diz Goldblatt.

Apesar de parte dos problemas serem externos, para que a percepção inicial de um evento conturbado seja esquecida e dê lugar para uma visão otimista da Olimpíada, será necessário que os organizadores façam um bom trabalho. As coisas precisam começar a dar certo.

"Ainda é cedo para especularmos, mas um desempenho esportivo memorável, como umterceiro ouro olímpico para Usain Bolt nos 100 m, pode ser uma marca positiva. Mas é importante que não ocorram problemas."

Editoria de Arte/Folhapress
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