A linha 4 do metrô do Rio será inaugurada neste sábado (30) após consumir mais de um quarto do custo oficial dos Jogos e correr risco de não ficar pronta para o evento.
A construção dos 16 quilômetros de trilhos e cinco estações entre Ipanema e Barra da Tijuca foi uma das maiores polêmicas da preparação olímpica —atrás apenas da baía de Guanabara.
As obras, que começaram em 2010 sem preço definido, foram finalizadas custando quase o dobro do estimado e sob investigação na Operação Lava Jato por suspeita de propina paga ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
A indefinição sobre sua conclusão fez a Prefeitura do Rio criar um plano B, para o caso de a obra não ser concluída. A entrega foi alvo de cobranças constantes do COI (Comitê Olímpico Internacional), por ser essencial no trânsito de torcedores da zona sul, área de concentração de hotéis, para a Barra.
TESTES
A linha será testada pelos torcedores da Olimpíada. O sistema não passou por simulações com passageiros em nenhuma fase da obra.
Para o TCE (Tribunal de Contas do Estado), a medida é um risco operacional.
"Todos os testes são suficientes. São homologados internacionalmente", disse o secretário estadual de Transportes, Rodrigo Vieira.
Os primeiros passageiros entrarão nos vagões no dia 1º de agosto. A linha ficará restrita aos credenciados nos Jogos até o dia 5, quando poderá ser usada por torcedores que comprarem o cartão Riocard especial para a Olimpíada, restrito a quem tem ingresso, operando das 6h à 1h.
Após a Paraolimpíada, em 19 de setembro, ela funcionará em horário reduzido para testes —das 11h às 15h. O período será ampliado até o fim do ano, quando estará totalmente operacional.
A cerimônia de inauguração terá a presença do presidente interino Michel Temer, além do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), o governador interino Francisco Dornelles (PP), e o afastado para tratamento de câncer, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Cabral foi convidado. Recluso desde o início das suspeitas de corrupção, ainda não confirmou presença.
Documentos da Lava Jato indicam que o ex-governador recebeu R$ 2,5 milhões em propinas da Odebrecht relacionadas à obra. Ele nega.
CUSTO
A obra custou R$ 10,4 bilhões, incluindo a integração com a linha 1, já existente. O valor representa mais de um quarto dos R$ 39,1 bilhão gastos na organização e infraestrutura para os Jogos.
A linha 4 não estava prevista no Dossiê de Candidatura. A expansão do metrô iria apenas até a Gávea, a partir de onde um corredor de ônibus levaria o público até o Parque Olímpico da Barra.
Após o Rio conquistar a Olimpíada, decidiu-se ampliar o metrô até o início da Barra (Jardim Oceânico). Para isso, um contrato de 1998 que previa a construção de um outro traçado até o bairro foi reativado.
Já a ampliação da estação General Osório, para integração da linha 1, reutilizou um acordo firmado em 1987.
Enquanto o estudo para definir os custos do projeto eram finalizados, a obra começou. A estimativa de R$ 5,4 bilhões quase dobrou.
Apesar do alto valor, o preço está dentro da média internacional de construção de linhas metroviárias, de acordo com estudo do BNDES. O banco avaliou o custo da construção para a conceder o financiamento para a obra.
LINHA 4 DO METRÔ CARIOCA
Operação começa na próxima segunda (1º)
6 estações
Nossa Senhora da Paz (em Ipanema), Jardim de Alah e Antero de Quental (ambas no Leblon), Gávea, São Conrado e Jardim Oceânico (Barra da Tijuca).
PERCURSO
Da General Osório (Ipanema) à estação Jardim Oceânico (Barra) são 16 quilômetros
Tempo estimado de viagem: 13 minutos
CUSTO DA OBRA
R$ 10,4 bilhão
OPERAÇÃO
> Entra em funcionamento neste domingo (31) apenas para credenciados da Rio 2016
> Entre 6 de agosto e 18 de setembro, o acesso também é liberado aos portadores do cartão Rio Card Jogos Rio 2016 (vendido apenas para torcedores com ingressos)
MOVIMENTO DIÁRIO
Quando estiver em operação normal, são esperados 300 mil passageiros por dia.