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Chefe de agência mundial admite não saber como controlar trapaças de doping

Alvo de críticas, inclusive feitas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), o presidente da Agência Mundial Antidoping (Wada), Craig Reedie, defendeu o órgão na tarde desta terça-feira (2), em discurso feito durante congresso em um hotel no Rio de Janeiro.

Sua fala estava prevista para acontecer apenas nesta quarta (3), mas foi antecipada por causa de toda a polêmica que envolve os Jogos do Rio, que ainda tem a indefinição da participação de russos. Nela, o dirigente admitiu fragilidades no sistema.

Diante do cenário, era esperado que Reedie não só se defendesse, mas também fosse para um contra-ataque, o que não aconteceu. Ele se demonstrou desorientado e afirmou não saber como resolver as trapaças de dopagens.

"O relatório tinha de ser publicado de imediato. Não podia esperar até depois dos Jogos. Estamos contribuindo com o McLaren (Richard McLaren, que lidera a investigação). Estão sendo buscados dados para identificar atletas que possam ter se beneficiado. É vital que a Rússia tenha admitido que os relatórios são verdadeiros", disse.

Fabrice Coffrini/AFP
Craig Reedie, presidente da Wada, durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro
Craig Reedie, presidente da Wada, durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro

Ele assumiu a crise e ainda deixou no ar a possibilidade de terem atletas "não limpos" participando da competição no Brasil.

"Se você enfrenta o tipo de relatório que o COI enfrentou, que indica um assunto tão sério, uma relação entre o laboratório e o ministro, é difícil definir quem está limpo ou não. Pode ser limpo no momento, mas o que aconteceu nos anos anteriores? Por isso a questão de levar em consideração os testes feitos fora da Rússia, em atletas que competiam fora da Rússia", falou.

A principal reclamação feita sobre a agência é de que ela supostamente detinha todas as informações sobre o escândalo da Rússia há meses, mas acabou vazando o caso às vésperas da Olimpíada.

No domingo da semana passada, o COI anunciou que não baniria os russos, delegando às federações internacionais essa missão, para avaliação de caso por caso. Neste último fim de semana, porém, novo anúncio colocou a decisão de novo para o COI, em última instância, como que para chancelar as definições.

Uma lista será divulgada com o nome e número de banidos até sexta (5), dia da abertura dos Jogos.

Chamada - Doping

"Em relação aos laboratórios, nós pegamos isso do Comitê. Nós temos um padrão, mas de vez em quando eles dão um escorregão e nós ajudamos eles a melhorarem. Nós não temos como garantir que um laboratório não possa cometer fraudes. Como resolver isso eu ainda não sei. O sistema não é ruim, mas precisa ser melhorado. Essa é a questão", afirmou Craig Reedie.

"Eu concordo que precisamos melhor o sistema. A tentação é grande para os atletas, em todos os níveis desse processo, o que nos introduz um novo debate. Eu concordo que a dopagem parece durar e existir cada vez mais, mas a nossa ideia é fazer tudo que pudermos para impedir isso. Nós temos uma comissão de atletas muito ativa", completou.

Na sua primeira entrevista coletiva no Rio, e depois repetidas vezes, o presidente Thomas Bach respondeu à imprensa dizendo que o COI não era o responsável pela situação que envolve os russos, jogando a culpa para a Wada.

A maior crítica ao comitê é de que tenha lavado as mãos em momento tão importante, se omitindo da missão de decidir.

Bach, porém, usou como argumento justamente o momento em o relatório sobre o caso da Rússia foi divulgado, tão perto da Olimpíada.

Durante o congresso do COI, o presidente fez uma votação simbólica, como um termômetro para ver se os membros do comitê endossavam seu discurso. Apenas uma pessoa votou contra.

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