Publicidade
Publicidade

Barrigudo, nadador etíope anima torcida apesar de ficar em último nos 100 m livre

O etíope Robel Kiros Habte, 24, terminou as eliminatórias dos 100 m livre apenas na 59ª e última posição nesta terça-feira (9), mas fez o que muitos figurões australianos, norte-americanos e europeus não conseguiram. Levantar a torcida.

Mais pesado que os outros competidores, com 1,76 m e 81 kg (de acordo com o site dos Jogos do Rio), ele empolgou o público, que o incentivou nos metros finais. Sem o apoio, talvez não finalizasse a prova. O africano percorreu a distância em 1min04s95 –o recorde mundial da prova é 46s91, pertencente ao brasileiro Cesar Cielo.

Dominic Ebenbichler/Reuters
Robel Kiros Habte, da Etiópia, se destacou pelos quilos a mais e, mesmo ficando em último, conquistou o apoio da torcida
Robel Kiros Habte, da Etiópia, se destacou pelos quilos a mais e, mesmo ficando em último, conquistou o apoio da torcida

Se tivesse nadado livre na final dos 100 m peito feminino, realizada na segunda, ele teria chegado apenas dois centésimos à frente da norte-americana Lilly King. O peito é o mais lento de todos os estilos da natação competitiva.

Os torcedores presentes ao Estádio Aquático, dentro do Parque Olímpico da Barra da Tijuca, nem ligaram. Vibraram com o desempenho de Habte. A cena lembrou a participação de Eric Moussambani, de Guiné Equatorial, nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, quando ele levou quase dois minutos para percorrer os 100 m e chegar a nadar no estilo "cachorrinho".

Tudo ganhou ainda mais cor depois que o nadador começou a contar sua trajetória. Nascido em um país notório por seus corredores, figuras cativas em pódios olímpicos e mundiais, ele optou pelas piscinas. É o único etíope na natação dos Jogos do Rio.

"Na Etiópia, tudo é corrida. A natação é diferente. Todo mundo acorda e corre, e eu quis seguir outro caminho. Apenas eu sou nadador profissional em meu país", afirmou Habte. "Eu amo a natação."

Contra tudo e todos, passou um período em um clube de Milão, na Itália, para treinar. "Lá tinha muita competição. Agora estou de volta em meu país, tem muita competição lá", contou.

Quando usa o termo "profissional", Habte não é totalmente verdadeiro. Ele se dedica à natação, mas ela não paga suas contas. Por isso, sobrevive dando aulas para seus irmãos e outros atletas. Apesar das dificuldades, conseguiu que a federação de natação de seu país o enviasse ao Rio.

No início da tarde desta terça, ele disse que pretendia melhorar sua melhor marca pessoal, de 59s. Não conseguiu, porém saiu satisfeito. "Não foi perto do meu melhor tempo. Não sei por que, mas como é a primeira Olimpíada que disputo, estou feliz", concluiu.

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade