Caro
Sr. Dimenstein
Respondendo
a sua coluna, publicada em 11 de novembro de 2001 no caderno
Cotidiano, nós do Teatro Oficina encontramos a oportunidade
de esclarecer os leitores sobre o assunto e revelarmos a profunda
incoerência do texto do jornalista.
O centro
cultural, "sofisticado" na palavra do jornalista,
que o grupo Silvio Santos pretende construir no Bixiga, é
um shopping-center, um centro de comércio de bens e
comércio de lazer, um grande negócio, nada além,
nada diferente dos inúmeros "investimentos nesse
tipo de melhoria" que a cidade tem visto surgir repetidamente
nas formas de shopopings e teatros importados para a alta
classe média. Good Business. Fortes econômicos
para concretar o apartheid social que vigora no Bixiga e em
São Paulo toda.
O empreedimento
não "englobaria" o Oficina, esmagaria. Principalmente
em seus planos originais de expandir-se num Teatro de Estádio
público, um bosque tragicômico para o encontro
da humanidade.
Como pode
então o jornalista afirmar que o empresário
vê-se na hora de "devolver parte de seu dinheiro"
aos pobres, melhor dizer excluídos, já que "materialmente
não lhe falta nada", e ao mesmo tempo apoiar o
good business ? O shopping é só o começo
desse grande negócio. Parte significativa do Bixiga,
incluindo duas sinagogas, já foi comprada pelo grupo.
A pretensão é enterrar de vez a vivescência
que esse bairro teve e tem em nome de uma revitalização
que é higienista e privatiza os poucos espaços
públicos que restam.
Esse apoio
de Dimenstein é incoerente e inconsequente.
Também
acreditamos na revisão que Silvio Santos tem feito
de si e de seu papel na sociedade. É uma mágica,
para todos, que a situação mundial tem operado.
No entanto ainda não tivemos a oportunidade de encontrá-lo
pessoalmente. Tratamos sempre com seus intermediários,
empresários que tiveram estômago para reunirem-se
no dia 12 de setembro, the day after, e tratar da proposta
de construção de inúmeras torres comerciais
no Bixiga para fazer dele a "Bela Vista Viva".
Queremos
o Silvio Santos. E ele, agora, deve nos querer porque nossa
proposta para o Bixiga é o meio para ele exercer plenamente
um novo papel na sociedade.
Tommy
Pietra
Teatro Oficina Uzyna Uzona
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