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Carta da semana 10/02/2006

A campanha já começou


”Discutem se já começou a campanha eleitoral. Ora, é claro que começou. Todos sabem disso. Está aí, para comprovar, o aumento do salário mínimo, após, ouvidos os sindicatos, que com inaudito poder de barganha, conseguiram impor o que muitos outros grupos até então não haviam logrado: aumentar o limite de isenção do imposto de renda e, de quebra, antecipar a entrada em vigor do aumento do salário mínimo, benesse que os militares tentaram em vão nos últimos anos. Está aí, também, o surpreendente aumento do valor do bolsa-escola, que passou de R$38,00 para R$95,00 num passe de mágica, desautorizando todos os que vinham dizendo que não havia dinheiro para nada. Nossas rodovias, após anos e anos de penúria, estão recebendo recursos num volume que há muito não viam. E, certamente muitos outros investimentos de vulto ocorrerão nos próximos meses, o que, sem dúvida, vai melhorar significativamente a imagem do partido do governo perante o eleitorado.

Disse o presidente da república, em recente visita ao nordeste, que será criticado tanto se realizar obras como se não as realizar e, em conseqüência, prefere ser criticado por realizá-las. Tem razão em parte, e, reconheçamos, a frase produz efeito, tanto que a oposição, surpreendida, ainda não sabe direito o que fazer perdendo-se em ações inócuas, como questionar a urgência das obras rodoviárias ou denunciar o início antecipado da campanha eleitoral.

É óbvio que todas as medidas tomadas são simpáticas e realmente vão aliviar as agruras imediatas da população. Não há dúvida de que nosso salário mínimo é baixo, que o Bolsa-Família, quando ministrada corretamente, contribui para melhorar a distribuição de renda, e que nossas combalidas estradas há muito estão a clamar por atenção. É preciso atentar, porém, para o fato de que os efeitos benéficos de tais medidas surgirão de imediato, mas os maléficos só aparecerão após as eleições, quando, no próximo mês de janeiro, for calculado o índice de inflação de 2006, quando a rápida desvalorização da moeda corroer o aumento do salário mínimo e quando os buracos das estradas voltarem a aparecer. Pior ficarão os que não houverem sido beneficiados com o generoso aumento salarial e os que não tiverem direito ao Bolsa-Escola, mas esses são minoria. Aí, a eleição já terá passado.

Enquanto isso, o Congresso, ainda em convocação extraordinária sem uma oposição eficaz, tenta tapar o sol com uma peneira, com um número escandaloso de funcionários, mantendo para seus membros um recesso privilegiado, com altíssimos salários diretos e indiretos, trabalhando apenas três dias por semana e pagando “jeton” mesmo para quem não comparece às sessões. Na contramão da vontade popular não percebe que a nação está ávida de honradez, austeridade e trabalho sério.

É evidente que a campanha eleitoral já foi iniciada e que o partido do Governo, que saiu primeiro e tem nas mãos a máquina mágica, está em franca vantagem. Eles são profissionais e ainda não mostraram toda sua força. É evidente, também, que se for apresentado aos eleitores o mesmo quadro de candidatos de 2002, o dito partido será reeleito sem sombra de dúvida. E aí só Deus sabe o que acontecerá”,
Mário Ivan Araújo Bezerra - marioivan@terra.com.br


Comentário do leitor:

“Tem muito brasileiro que parece não ter memória. Esquecem as irregularidades políticas do passado com facilidade. Só prestam a atenção no discurso “promissor" de hoje. É por isso que a nossa história continua nos retratando de subdesenvolvidos”,
Célia Neves - nevescelia@gmail.com

CIDADÃO JORNALISTA é um espaço destinado aos leitores e ouvintes que ao relatarem fatos e experiências de sua cidade, comunidade e cotidiano, tornam-se repórteres por um momento.

 
 

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