REFLEXÃO


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pensata
30/09/2008

As antenas de Marta são um desperdício?

Não sei avaliar tecnicamente a viabilidade da proposta de Marta Suplicy de disseminar a internet gratuita. Meu primeiro impulso é apreciar a idéia, mesmo sabendo que em ano eleitoral os candidatos têm a imaginação mais fértil. Não se pode, hoje, pensar em inclusão social sem a inclusão digital --é uma interessante visão de futuro imaginar uma cidade onde todos possam se conectar.

O que me incomoda, porém, é o risco de desperdício. Isso porque tenho visitado inúmeras escolas públicas, onde os laboratórios de informática estão fechados --ou não são bem utilizados. Faltam monitores e professores capazes de transformar as máquinas em aprendizado, Aliás, as escolas muitas vezes nem sabem usar suas bibliotecas. Isso ocorre tanto em escolas estaduais como municipais.

Falei aqui de uma experiência em que estou participando, conduzida jornalistas recém-formados. Eles montaram um mapa digital do que existe de graça ou a preços populares em cultura e educação na cidade de São Paulo. Se você entrar no site (www.catracalivre.com.br) verá o número impressionante de opções, a maioria delas pouco usadas por estudantes. Como é um projeto colaborativo, propagam-se as dicas em cascata.

Por isso, gostei muito da promessa da ex-prefeita de criar um sistema de transporte para que os alunos aproveitem toda a riqueza cultural disponível, a começar dos CEUs. É uma percepção correta e contemporânea de que a cidade deve ser um espaço educador --aí, sim, eu vejo uma ação inovadora e viável.

Assim como considero inovadoras e viáveis a transformação dos clubes da prefeituras em extensão da escola (Clube-Escola), implementada por Gilberto Kassab. Ou reunir as famílias nos finais de semana na escola, com complementação educacional, um programa impulsionado por Alckmin em sua gestão. Ou seja, usa-se melhor o que existe, buscando as mais diferentes conexões.

Estou convencido de que a melhor forma de conectar a cidade num projeto digital, neste momento, é usar melhor o que já temos --as bibliotecas, os telecentros e os laboratórios de informática das escolas e centros culturais. Assim, o investimento vai para quem, de fato, precisa: os mais pobres.


Coluna originalmente publicada na Folha Online, editoria Pensata.

   
   
 
 

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