HOME | NOTÍCIAS | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 

Amapá
03/12/2004
Comunidade retoma uso de plantas medicinais

AMAPÁ- Durante séculos, o uso de plantas medicinais foi a principal fonte de cura de doenças, até ser substituído pelos tratamentos da medicina moderna. No século 21, algumas comunidades brasileiras estão voltando a antigas tradições do uso de ervas e outras plantas, deixando de usar os remédios alopáticos.

Em geral, esta substituição oferece tratamento eficiente para diversas doenças a um custo mais baixo. No estado do Amapá, comunidades rurais adotaram a implantação da Farmácia da Terra, projeto vencedor, na região Norte, do Prêmio de Tecnologia Social 2003, da Fundação Banco do Brasil.

Desenvolvidas pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), as Farmácias da Terra já estão em 21 comunidades de 12 municípios do estado. Mais de 820 pessoas – entre agentes de saúde comunitários (principal público), parteiras, estudantes de nível médio, professores, líderes comunitários e curandeiros – foram treinadas para cuidar de hortas onde são cultivadas plantas que ajudam no tratamento de problemas de saúde.

Entre os problemas que podem ser tratados com fitoterápicos – produtos com fins terapêuticos obtidos das plantas – estão diversas doenças respiratórias (bronquite, sinusite, amidalite, faringite, gripes e resfriados), da pele (sarnas, escabioses e pediculoses), gastrointestinais (diarréias, verminoses, gastrite, úlcera péptica, amebíase e giardíase), doenças dos órgãos genitais e infecções urinárias, além de reumatismo.

Durante as aulas, também são ensinadas técnicas para extrair as plantas da floresta sem causar extinção e também as indicações de uso de cada uma delas. O resultado é a melhora na qualidade de vida da população, a diminuição da busca pelos serviços públicos de saúde e a preservação da tradição cultural.

“O objetivo é oferecer alternativas de tratamento a doenças mais comuns e menos complexas através do uso de plantas medicinais para as comunidades rurais”, explica Terezinha de Jesus dos Santos, coordenadora do projeto e pesquisadora da área de fitoterapia do Iepa.

Os próprios centros de saúde das localidades onde o projeto está implantado fazem uso do conhecimento e da produção da Farmácia da Terra e, muitas vezes, são parceiros da iniciativa. Assim como secretarias municipais de saúde, escolas, unidades do Serviço Social do Comércio (Sesc), associações comunitárias e cooperativas.

A Fundação Banco do Brasil tem sido uma das entidades responsáveis pela divulgação desta tecnologia – desde 2003, quando selecionou para replicação alguns projetos cadastrados no seu Banco de Tecnologias Sociais. Estes projetos são implementados em parceria com agentes locais ou instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

O Farmácia da Terra exige uma equipe básica, composta de dois farmacêuticos, um enfermeiro, um nutricionista e um técnico agrícola. O grupo tem a responsabilidade de implantar o projeto desde o primeiro contato com as comunidades até a execução das oficinas, passando por treinamentos de plantio, manejo, coleta, secagem e armazenagem das plantas e também a produção de remédios caseiros.

Para cada unidade instalada, é necessário um recurso mínimo de aproximadamente cinco mil reais, para cobrir despesas com materiais para instalação dos canteiros e do sistema de irrigação e custos de viagem dos técnicos, bem como alimentação deles e dos participantes das oficinas.

Quintal de casa
O projeto é dirigido às zonas rurais, mas pode ser implantado até mesmo em condomínios fechados nas cidades. “O mais importante é saber usar as plantas de forma eficaz e segura”, ressalta Terezinha dos Santos.

Além de atender às próprias necessidades, a Farmácia da Terra pode contribuir para a geração de renda junto às famílias das regiões onde é implantada. A partir do projeto, algumas comunidades se organizaram e começaram a trabalhar com essas plantas. É o caso da Cooperativa das Produtoras de Plantas Aromáticas do Amapá, que cultiva espécies aromáticas para beneficia-las e transformá-las em enchimento de travesseiros e bonecas e em produtos para banho.

Outro segmento que encontrou uma forma de aumentar a renda com o projeto é o de trabalhadores da terra. Alguns agricultores participaram das oficinas e passaram a atuar como fornecedores de matéria-prima para a produção de fitoterápicos do Laboratório de Produção de Fitoterápicos e Fitocosméticos do Iepa.

Origem
O Projeto Farmácia da Terra surgiu a partir da inquietação de um grupo de pesquisadores da área de fitoterapia do Centro de Plantas Medicinais e Produtos Naturais do Iepa. Baseados nos conhecimentos da tradição local, eles desenvolviam projetos de produção de fitoterápicos a partir de espécies amazônicas.

“A inquietação maior se deu pelo fato de que somente as pessoas da cidade estavam tendo acesso a fitoterápicos elaborados e fabricados pelo Laboratório de Produção de Fitoterápicos e Fitocosméticos. Os principais responsáveis pelas informações etnofarmacológicas não estavam recebendo o retorno pela contribuição dada. Foi então que os pesquisadores elaboraram o projeto”, lembra Terezinha dos Santos.

As matrizes das espécies cultivadas são produzidas e selecionadas no Iepa. A manutenção das hortas é feita pela própria população dos locais onde elas estão instaladas e já se pode notar também um aumento na tendência de indicações deste tipo de medicamento natural por parte dos agentes dos serviços públicos de saúde.

SANDRA FLOSI
do site Fundação Banco do Brasil

 
 
 

NOTÍCIAS ANTERIORES
02/12/2004 Juventude arregaça mangas pela arte
01/12/2004
Empresas fazem campanhas de solidariedade
01/12/2004
Empresa revitalizará favela paulistana
30/11/2004
Crianças resgatam oralmente história de suas cidades
30/11/2004
Internautas formam uma rede mundial de emergências
29/11/2004
Moradoras do Leme sobem o morro para dar curso de culinária
26/11/2004
Jovens carentes descobrem benefícios da internet
25/11/2004
Estudantes plantam árvores no Rio Tibagi
24/11/2004
Comunidade virtual aproxima 194 escolas paulistas
24/11/2004
Artistas lançam selo musical de combate à fome no Rio