Um
em cada três latino-americano vive com menos de R$ 6 dia
Um em cada três
latino-americano vive com menos de US$ 2 por dia. Atualmente existe
170 milhões de pessoas na América Latina. Em praticamente
todos os países da região aumentou a concentração
de renda na última década, reduzindo o impacto favorável
do crescimento sobre a pobreza. Durante a década de 90, o
crescimento econômico foi de apenas 3,3% anual, apesar de
uma conjuntura econômica mundial relativamente benigna. Com
isto, a renda média da população subiu apenas
1,5% ao ano. Nos países asiáticos a taxa anual foi
de 3,5%.
Um século.
Este é o tempo estimado para que um latino-americano tenha
o mesmo nível de renda de um cidadão de país
desenvolvido. Um das causas dessa defasagem é a baixa taxa
anual de crescimento das economias dos países da América
Latina. A redução da renda nos últimos 10 anos
e acentuação do desequilíbrio na distribuição
das riquezas estão gerando uma concentração
ainda maior nas mãos de uma minoria. O mais grave é
que a tendência é piorar.
Haveria menos
45 milhões de miseráveis se a distribuição
de renda tivesse se mantido inalterada (ainda que injusta) na última
década. E 80 milhões de pessoas a menos vivendo em
miséria extrema se a renda per capita tivesse subido 3,5%,
em vez de 1,5%. O pior é que a expansão econômica
da região este ano será, com sorte, de 1%. E, em 2002,
na melhor hipótese, será de 2%", lembrando que
os atentados de um mês atrás tornaram as perspectivas
ainda mais negativas.
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América
Latina um século atrás
Empresários: há regras e impostos
demais
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América
Latina um século atrás
A América
Latina precisará de um século para que sua população
desfrute do mesmo nível de renda que os cidadãos dos
países desenvolvidos possuem hoje. A conclusão é
do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que divulgou ontem
seu relatório "Progresso Econômico e Social na
América Latina 2001". A pesquisa da instituição
aponta a baixa taxa anual de crescimento das economias latino-americanas
nos anos 90 como umas das causas para a defasagem entre os rendimentos
da população da região e de seus pares nas
nações ricas.
"O ritmo
do crescimento da renda é tão lento na América
Latina que será preciso cerca de um século para que
a região possa alcançar os níveis atuais de
renda dos países desenvolvidos", conclui o relatório.
Ele aponta ainda redução da renda nos últimos
dez anos e acentuação do desequilíbrio na distribuição
das riquezas, cada vez mais concentradas nas mãos de uma
minoria.
E as perspectivas
são pouco animadoras, segundo o BID. "A América
Latina atravessa um dos períodos mais difíceis das
últimas décadas. A situação é
muito delicada, e pode levar a um desvio perigoso", alertou
Enrique Iglesias, presidente da instituição.
O relatório
é o mais pessimista produzido pelo BID nos últimos
dez anos. "O crescimento econômico da América
Latina foi decepcionante", diz logo a primeira frase. "Durante
a década de 90, foi de apenas 3,3% anual, apesar de uma conjuntura
econômica mundial relativamente benigna". O crescimento
modesto fez com que a renda média da população
subisse apenas 1,5% ao ano. Nos países asiáticos,
outra importante região em desenvolvimento, a taxa anual
foi de 3,5%.
"Como agravante,
praticamente em todos os países a concentração
de renda aumentou na década, reduzindo o impacto favorável
do crescimento sobre a pobreza. Atualmente, 170 milhões de
latino-americanos - um em cada três - vivem com menos de dois
dólares diários", diz o relatório.
Pelos cálculos
dos economistas do BID, haveria menos 45 milhões de miseráveis
se a distribuição de renda tivesse se mantido inalterada
(ainda que injusta) na última década. E haveria 80
milhões de pessoas a menos vivendo em miséria extrema
se a renda per capita tivesse subido 3,5%, em vez de 1,5%.
"O pior
é que a expansão econômica da região
este ano será, com sorte, de 1%. E, em 2002, na melhor hipótese,
será de 2%", estimou Iglesias, lembrando que os atentados
de um mês atrás tornaram as perspectivas ainda mais
negativas.
Apesar das reformas
estruturais realizadas ou em andamento na região, o atraso
continua grande em relação aos países desenvolvidos.
O BID aponta sérias deficiências em três áreas:
cumprimento das leis, controle da corrupção e efetividade
da administração pública.
"As reformas
de Estado foram boas, mas há muito por fazer. Tem havido
má administração dos governos e temos insistido
muito em relação a isso em conversas diretas com cada
um deles", observou Iglesias.
O relatório
mostra ainda que a América Latina é a região
com as menores taxas de investimento em ampliação
da produção no mundo. Os níveis de educação
também estão crescendo num ritmo mais lento inclusive
em relação ao Oriente Médio, onde são
mais baixos. Sem contar que as empresas latino-americanas estão
perdendo competitividade nos mercados internacionais e não
se expandem como se esperava.
"As grandes
corporações do Brasil e do México são
menores do que as de Taiwan, cuja estratégia empresarial
se associa com a pequena empresa", diz o estudo. Segundo o
BID, os governos latino-americanos passaram a dar uma maior ênfase
à melhoria dos indicadores macroeconômicos, descuidando-se
dos investimentos internos. "Ainda que a inflação
e os grandes desequilíbrios fiscais estejam controlados,
o ambiente para a competitividade continua adverso, devido especialmente
ao alto custo e à instabilidade do acesso do setor privado
aos financiamentos interno e externo".
Em relação
ao crescimento da produtividade no período, só a África
apresenta piores resultados que a América Latina. A acumulação
de capitais físico e humano (máquinas, instalações,
trabalhadores qualificados, etc) é baixa, mantendo apenas
um crescimento de 4% ao ano. Embora nem isso tenha sido obtido na
década passada.
Outro agravante
citado pelo banco é a evolução das exportações,
ainda muito concentradas em produtos cuja demanda é declinante.
O BID destaca apenas dois países nesta área: o México,
com 60% das exportações com conteúdo tecnológico
alto ou médio, e o Brasil, em que um terço é
composto por computadores, veículos e equipamentos de tecnologia
alta e média.
(O Globo)
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Empresários:
há regras e impostos demais
Dois em cada
três empresários brasileiros e metade dos empresários
argentinos se queixam de que o excesso de impostos e de regulamentações
são as maiores barreiras para o desenvolvimento de suas companhias,
segundo o relatório do BID.
O estudo mostra
ainda que Brasil, México, Colômbia, Equador e Venezuela
são os países mais afetados pela incerteza e pela
instabilidade da gestão pública e das políticas
econômicas: "Pelo menos metade dos empresários
nesses países consideram a instabilidade um problema sério".
O crédito,
além de ser escasso, custa caro para as empresas da região.
"A tudo isso são adicionados os problemas de delinqüência
e corrupção, deficiências importantes de infra-estrutura
e outros obstáculos ao desenvolvimento dos negócios
e a uma maior produtividade".
Uma das conseqüências
disso, de acordo com o BID, é que embora os níveis
de capital das grandes empresas da região sejam normais,
elas mobilizam poucos ativos e geram poucos empregos.
(O Globo)
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