Sindicato
muda perfil e atrai nova "elite"
O enfraquecimento
provocado pela crise no trabalho tem obrigado os sindicatos a se
aproximar, cada vez mais, do perfil de organizações
não-governamentais (ONGs). A luta pelo emprego e pelo aumento
salarial não é mais um atrativo para o trabalhador
com a nova estrutura do mercado de trabalho, em consequência
do aumento de oportunidades de emprego na última década,
seja no setor de serviços ou na informalidade.
Um estudo realizado
pelos professores da Universidade de São Paulo (USP), Hélio
Zylberstajn e Iram Jácome Rodrigues, revelou que os sindicalizados
de hoje têm maior instrução que a média
nacional - 34,8% com cerca de 11 anos de estudo, além de
apresentarem também renda superior - 66% dos sincalizados
ganham mais de cinco salários mínimos. O estudo foi
realizado com base na Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio
(Pnad), do IBGE, de 1998 a 1999.
Segundo Zylberstajn,
isso fez com que o foco de atuação dos sindicatos
mudasse de direção. A preocupação deles
estende-se para a comunidade, e não mais apenas para as fábricas.
Eles estão envolvidos em programas de alfabetização,
assistência a menores abandonados e com cooperativas de crédito.
Jorge Eduardo
Durão, secretário geral da Associação
Brasileira de Organizações Não-Governamentais
(Abong), afirma que os sindicatos têm ampliado o seu campo
de ações. "Talvez seja correto afirmar que é
cada vez mais forte a filosofia do sindicato-cidadão, que
não olha apenas para interesses corporativos", diz.
Por outro lado,
para Zylberstajn, a perda relativa de importância da indústria
no emprego, em oposição ao crescimento do setor de
serviços e comércio, tem trazido sérias consequências
ao sindicalismo brasileiro. Isso faz com que o individualismo torne-se
maior e por isso o sincalismo tem dificuldades de se organizar.
(As informações
são do jornal Valor Econômico - 31/10/02)
|
|
|
Subir
|
|
|