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  debate
16/11/2004
Redes temáticas favorecem o desenvolvimento social e comunitário

O Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) promoveu o IV Seminário IDIS de Investimento Social Privado na Comunidade com o tema "Empresa na Comunidade: Por que investir em Redes Sociais?", no último dia 8. O objetivo do evento foi discutir novas formas de atuar na comunidade, apresentando casos de Redes Sociais e suas ferramentas para o desenvolvimento do investimento social.

A primeira mesa de palestras teve a apresentação de Daniela Reis, gerente do Instituto Votorantim, e Marília Barcellos Guimarães, representante da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) na Rede pela Educação Infantil (REDIN), com moderação de Elizabeth Kfouri Simão, da Fundação Otacílio Oscar, sobre o tema "Investindo em Redes Temáticas para o Desenvolvimento Social". Daniela falou da missão do Instituto Votorantim, que é atuar de forma inovadora e fazer da vida comunitária um ambiente propício para desenvolvimento social.

O Instituto atende jovens de 14 a 25 anos, contribuindo na formação de uma agenda local de desenvolvimento por meio da articulação de diferentes atores sociais em torno de projetos voltados para o público-alvo e no desenvolvimento integrado do jovem. Este desenvolvimento é o atendimento às suas demandas legítimas, contextualizadas no desenvolvimento sustentável nos planos nacional e local.

Co-responsabilidade, engajamento da formulação do princípio da responsabilidade das empresas e unidades de negócio diante de suas dificuldades públicas e da sociedade são alguns dos princípios de operação do Instituto Votorantim. Desde de 2002, o Instituto contribui para o aprimoramento das políticas públicas e fomenta ações naqueles municípios que não apresentam política promotora para juventude. Para a viabilização dos projetos, o Instituto trabalha em rede com os comitês de atuação e de coordenação, grupos gestores, os coordenadores de outras unidades do grupo Votorantim, parceiros e o próprio Instituto.

A segunda palestrante, Marília, comenta o trabalho da Redin, que possui o foco em creches comunitárias e desenvolveu algumas adequações em projetos relacionados aos aspectos físicos e recursos materiais das creches; o trabalho dos professores e coordenadores pedagógicos; capacitação dos gestores; assistência pedagógico-administrativa e comunicação para mobilização social. O trabalho em rede promoveu uma ação global, gerando autonomia e impacto social.

A Redin apresenta duas premissas básicas para o trabalho: o conceito de criança, como um cidadão de direitos, e concepção de Instituto de educação infantil, como uma educação mais global. A instituição atua através de grupos de ações (mais pontuais) e grupos de foco. Primeiro, a Redin apontou a violência como grande problema nas comunidades do Estado de Minas Gerais. Para a resolução desse problema, a união de universidades, entidades, poder público e a própria comunidade encontraram uma saída através de investimentos na educação.

O primeiro seminário, realizado em 2003, promoveu a proposta de rede, delimitação de área de atuação, missão, objetivos e foco. Com decorrer do tempo, a Redin foi percebendo a importância do trabalho em rede, o aumento do compromisso das pessoas da comunidade com a causa, capacitação e atuação dos grupos de foco como facilitador de redes sociais e o desenvolvimento de instrumentos de comunicação (informativos) para divulgação do trabalho da Redin."Todos nós estamos atuando pelo mesmo fim. O sistema de redes permite uma troca de conhecimentos e já tem 29 creches interagindo pelo mesmo objetivo, a educação infantil", afirma Margareth Carvalho, da ONG Movimento de Luta Pró-Creche.

"Esse entrelace destas duas organizações forma uma verdadeira teia. Estamos tecendo uma grande rede, seja através da educação, da juventude, mas todos apresentam o mesmo objetivo, o desenvolvimento comunitário. Todos lutam para diminuição da pobreza e por uma sociedade mais justa e livre', afirma Elizabeth Kfouri Guimarães.

Tanto o Instituto Votorantim e a Redin apontaram para as mesmas dificuldades como captação de recursos e trabalhar em rede, já que as pessoas estão acostumadas a trabalhar em pirâmide (hierarquia). "É fundamental trabalhar em rede por mais que seja trabalhoso para alinhar e rediscutir os princípios, justificando a sobreposição do coletivo no indivíduo", afirma Daniela Reis.

Já a segunda mesa teve como tema "Investindo em Rede para o Desenvolvimento Comunitário" e contou com a presença de Carlos F. Bühler, presidente da Holcim Brasil, e Elisane Gressi, gerente de cultura da Fundação Belgo Mineira, com moderação de Olinta Cardoso, diretora da Fundação Vale do Rio Doce.

Elisane falou sobre o caso da Rede Colaborativa Sabará (MG), um espaço coletivo organizado para discussão de problemas da cidade mineira. A Rede apóia a formação do grupo articulador, potencializa os projetos já existentes na comunidade e desenvolve capacitação social para a comunidade.

Foi realizado um diagnóstico na região para apontar os problemas locais. Como, por exemplo, a educação que apresenta baixa cobertura na área de creches. Das 9 mil crianças de Sabará 8% não freqüentam creches. Além disso, existe ainda um alto índice de mortalidade infantil o que aponta uma deficiência no atendimento à saúde materno-infantil, baixa qualidade de pré-natal e puerpério e baixa qualidade de alimentos de crianças, pois de cada 1000 nascidos e vivos, 21 morrem antes de completar um ano, em Minas Gerais. Na cidade de Sabará, cada mil nascidos vivos 25 morrem antes de completar um ano.

A Rede Colaborativa Sabará formou uma Comissão de Comunicação e Captação de Recursos para viabilizar a divulgação do trabalho e aumentar o número de parceiros e recursos para projetos. Os resultados apontados foram vários projetos com recursos garantidos, maior visibilidade das questões à criança e ao adolescente, desenvolvimento de uma cultura de solidariedade, participação e responsabilidade social.

Já Carlos Bühler, presidente da Holcim, apresentou o caso Ortópolis Barroso, localizado a 200 km de Belo Horizonte (MG), uma região que a empresa Holcim representa maior empregadora local. O objetivo foi tornar a cidade num lugar desejado no futuro, revitalizado de forma sustentável. A própria comunidade definiu pontos estratégicos como mudança comportamental, modelos de políticas públicas e empreendedorismo social. Os resultados se complementaram num tripé de sustentabilidade: responsabilidade social, responsabilidade econômica e responsabilidade ambiental.

Mais de 500 pessoas participaram na gestão de projetos e planejamento estratégico e operacional em Ortópolis. O trabalho em rede foi tão positivo para a comunidade que teve a formação de Associação Ortópolis Barroso com 71 fundadores que promovem o desenvolvimento da comunidade."O ex-prefeito e até a atual prefeita já estão a favor do trabalho em redes. Houve uma mobilização de todos os setores da sociedade civil, poder público, empresa, outras entidades e até clero (Igreja Católica e protestante). A Redes incentiva o trabalho em equipe e a criatividade", afirma Carlos.


SUSANA SARMIENTO
do site setor3

   
 
 
 

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