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arquitetura inteligente
17/01/2005
Era cortiço. Virou vila chique

"Aqui é tudo tão bonitinho que nem dá para acreditar". Assim a manicure Cíntia dos Santos de Jesus, de 20 anos, reagiu ao ver a primeira casa própria de sua família. Ela, a mãe Luceni, e os irmãos Fernanda e Luiz Henrique vivem em uma recém-inaugurada Cohab no Ipiranga, que foge ao padrão das moradias populares.

O projeto arquitetônico transformou em uma charmosa vilinha, batizada de Conjunto Residencial Pedro Facchini, o cortiço onde antes se amontoavam oito barracos. Com fachadas vermelhas e varandas triangulares, foram construídos 12 apartamentos - 8 serão ocupados pelas famílias que moravam na favela e outros quatro por quem estava na fila da Cohab, como a mãe de Cíntia.

No térreo, há apartamentos de um dormitório com 35 metros quadrados. Em cima, há os dúplex de 43 m2, com escada interna. As escadas que dão acesso aos dúplex são externas - solução para eliminar os caros corredores internos.

A vilinha foi idealizada porque não seria possível construir um prédio no local, disse o arquiteto Marcelo Barbosa, que criou o projeto com o colega Jupira Corbucci. A lei manda deixar um recuo de 3 metros de cada lado para construir um prédio. O terreno tem 7 metros de frente por 40 de profundidade. "O jeito foi fazer como se fosse um sobrado, para poder deixar recuo apenas de um lado", afirmou Barbosa. A obra levou sete meses para ser concluída e custou R$ 560 mil. "O melhor é que esse tipo de projeto resgata a individualidade e dá auto-estima aos moradores", disse.

Origem
A idéia de fazer Cohabs diferentes veio com o Programa Morar no Centro, explicou a arquiteta Tereza Herling, superintendente de projetos da Cohab na gestão passada. "A intenção era fixar pessoas que já moram no centro e trazer outras pessoas para mais perto. Ali, os terrenos são diferentes, exigem soluções mais criativas para aproveitar melhor o espaço." Segundo a arquiteta, na gestão Marta Suplicy foram aprovados cerca de 20 projetos diferenciados de habitações populares no centro - cinco foram entregues, alguns estão começados e outros ainda não saíram do papel.

Os dois primeiros projetos diferentes foram entregues pela Prefeitura em julho, ainda inacabados. O Parque do Gato, no Bom Retiro, tem prédios de cinco andares. No local, antes havia a Favela do Gato e o Conjunto Habitacional Olarias, no Pari, tem prédios que ocupam a borda do terreno e deixam o miolo da área livre.

A mãe de Cíntia se cadastrou para esperar a casa própria há dez anos e esperava ansiosa o dia de parar de pagar aluguel. "Mas quando ela disse que era Cohab, aquela coisa quadradona, nem me animei. Não vim aqui ver as obras porque tinha certeza de que era horrível", contou a manicure. No dia da entrega das chaves, contudo, se surpreendeu: "Tem certeza que é aqui mesmo, mãe?"

Sensação parecida teve a aposentada Maria Piedade Nascimento, de 60 anos, vizinha de Cíntia. "Morava num quarto e cozinha alugado, pequeno e úmido. Aqui deram para mim e eu vou pagando sossegada." Com seu salário mínimo, ela dará R$ 97 para quitar a casa. Antes, pagava R$ 150 pelo quartinho. "É a coisa que me deixou mais feliz nos meus 60 anos. Dependendo da idade, a pessoa não pode receber notícia muito boa."

LAURA DINIZ
do jornal O Estado de S.Paulo

   
 
 
 

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