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verão
29/12/2004
Exposições ao ar livre são boas opções para dias quentes

Três jovens cinéfilos, infringindo as regras de segurança do Louvre, em Paris, apostam uma animada corrida pelos corredores do museu, na tentativa de bater o recorde de velocidade conquistado pelos personagens do filme "Bande à Part", de Jean-Luc Godard. A pequena transgressão, exibida em uma cena do filme "Os Sonhadores", de Bernardo Bertolucci, expõe a formalidade dos principais espaços museológicos do mundo, onde, geralmente, além de correr, também não é permitido fumar, comer, beber ou tocar nas obras.

São regras adotadas também pelos museus de São Paulo, dos quais é possível separar algumas agradáveis exceções: nos jardins que cercam o MAM, o MAC, a Pinacoteca e a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, quatro instituições que disponibilizam acervos de esculturas ao ar livre, muita coisa é permitida. Correr, comer, beber e fumar, por exemplo, o que faz dessas três raras paisagens verdes pinceladas com peças de importantes escultores brasileiros boas opções de passeio, principalmente durante o verão.

Uma das maiores coleções de obras contemporâneas em ambiente externo da cidade, o Jardim de Esculturas do MAM foi inaugurado em 1993 e ocupa uma área de 6.000 m2 do parque Ibirapuera, localizada entre os pavilhões da Oca e da Bienal (Portão 3), com 28 esculturas.

Pouca gente anda por ali com o objetivo específico de ver as peças. O lugar funciona mais como um corredor onde, quase acidentalmente, os passantes se deparam com uma estrutura geométrica em forma de aranha assinada por Emanoel Araújo, uma árvore de ferro e alumínio de Cleber Machado, ou um relógio de sol esculpido em ferro pelo português Charles de Almeida.

No Jardim da Luz, onde estão espalhadas esculturas do acervo da Pinacoteca do Estado, a mesma informalidade do ambiente externo é bem-vinda para muitos dos visitantes.

"Eu não tenho muita paciência para ficar dentro de um museu. Num parque é diferente. Dá para ficar horas", diz a enfermeira Lílian Figueiredo, 25, que saiu para dar uma volta e acabou dedicando parte de seu sábado para contemplar as esculturas.

"A iluminação natural, o fundo azul do céu e mesmo a brisa criam um ambiente agradável para ver as peças. A única desvantagem em relação ao espaço tradicional de exposição é a dificuldade de conservação das peças, que também ficam mais sujeitas a atos de vandalismos", analisa a geóloga Márcia Faria, 39, que contemplava as esculturas do Jardim da Luz.

A observação de Márcia é pertinente. As peças assinadas por Brecheret, Mario Martins, José Bento, Arcângelo Ianelli, Nuno Ramos e Lygia Reinach, entre outros artistas, estavam em bom estado de conservação, mas algumas identificações já estavam deterioradas, à exemplo das placas metálicas que identificavam as obras de Nuno Ramos e de Amilcar de Castro.

No Parque da Luz, havia seguranças orientados para censurar atos de vandalismo. Mas, no Jardim das Esculturas do MAM, a falta de vigilância permite irregularidades: no sábado, dia 25, adolescentes subiram e pularam sobre as placas de aço que compõem o trabalho "Sete Ondas", de Amélia Toledo.

Com dimensões menores, o Jardim de Esculturas do MAC da USP é outra boa opção ao ar livre. A coleção reúne dez obras assinadas por Amilcar de Castro, Tomie Ohtake, Emanoel Araújo, José Resende, entre outros artistas.

Uma das peças do espaço brinca com o fato de estar exposta em um ambiente externo. Trata-se de um balanço, desses para crianças, de autoria de Siron Franco, cujas cadeiras são bustos de bronze dispostos de cabeça para baixo. A obra foi interditada com cordas de segurança para não ser usada como brinquedo.

Na Fundação Maria Luísa e Oscar Americano as esculturas ocupam um espaço amplo, mas com uma variedade menor de obras. Com exceção de uma escultura, todos os outros trabalhos, espalhados pelos 75 mil m2 do jardim, são de autoria do construtivista húngaro Karoly Pichler.

GUSTAVO FIORATTI
do jornal Folha de S. Paulo

   
 
 
 

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