Com dois anos de atraso, a administração Geraldo Alckmin (PSDB) vai entregar neste domingo a interligação da linha de trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) com o metrô na estação da Luz, no centro da cidade de São Paulo.

A inauguração ocorrerá uma semana antes do primeiro turno da eleição municipal, na qual um dos concorrentes é o tucano José Serra, apoiado por Alckmin.

A interligação permitirá o acesso dos passageiros aos dois sistemas com o mesmo bilhete, isto é, sem a necessidade de pagar outra passagem ou pegar uma senha para efetuar a troca do tíquete -como ocorre hoje.

A ligação subterrânea, por enquanto, funcionará apenas nos finais de semana e feriados -segundo o governo estadual, será um período de testes. Só no final de novembro, quando for totalmente liberada, deve desatar um dos mais antigos nós do sistema ferroviário da região metropolitana: o acesso direto dos passageiros da zona leste ao centro velho.

A interligação, parte de um projeto maior intitulado Integração Centro, estava prevista para entrar em funcionamento em setembro de 2002. Segundo a assessoria de imprensa da CPTM, vários fatores concorreram para o atraso das obras necessárias à liberação da passagem: inundações na estação, muros que tombaram e entraves burocráticos.

Outra justificativa apresentada por assessores da empresa é o fato de as obras terem sido feitas sem o fechamento da estação.

Hoje, a integração dos trens metropolitanos com o metrô pode ser feita nas estações da Barra Funda e do Brás. Com a abertura da interligação na Luz, o governo estadual espera um salto de mais de seis vezes na circulação de passageiros na estação -estima que 200 mil pessoas passarão diariamente por lá. Hoje, são 32 mil.

O projeto Integração Centro prevê gastos de US$ 95,1 milhões, sendo quase a metade de empréstimos do Bird (Banco Mundial). A maior parte dos recursos (92,8%) já foi gasta.

Na cerimônia de domingo, que deve contar com a presença de Alckmin, serão apresentadas as intervenções na estação da Luz. Sob as quatro plataformas foram construídos dois saguões subterrâneos e três acessos (com piso de granito) -para as ruas Mauá e Cásper Líbero e para a Pinacoteca. Haverá 19 escadas rolantes e um elevador para portadores de deficiência.

Crescimento
Inaugurada em 1901, a estação da Luz se transformará na terceira maior da cidade em fluxo de passageiros com a interligação entre trens e metrô.
A circulação prevista de 200 mil pessoas só será inferior a das estações Sé (650 mil por dia) e Paraíso (280 mil). Em três anos o governo estadual calcula que já estará em funcionamento a linha 4 do metrô, que se estenderá de lá até a Vila Sônia (zona oeste). Com isso, a previsão é que o fluxo dobre, atingindo 400 mil passageiros diários.

A multidão que passará pelo centro tem atraído investimentos culturais. A um custo de R$ 30 milhões, está sendo erguida a Estação da Luz da Nossa Língua, um centro de referência da língua portuguesa com previsão de inauguração para 2005.
O acesso direto da Luz à Pinacoteca atraiu o interesse de lojistas do Bom Retiro, que planejam a construção de um auditório subterrâneo para desfiles de moda e feira de negócios ao lado da estação. Diretores da Pinacoteca também cogitam a criação de um espaço de exposições na estação.

FABIO SCHIVARTCHE
da Folha de S.Paulo