Veridiana Novaes
Os alunos do 1º ano do ensino médio da Escola
Lourenço Castanho, localizada na zona sul de São
Paulo, têm como matéria obrigatória a
disciplina Projeto Social. Idealizada em 2002, a iniciativa
visa conscientizar os adolescentes sobre os problemas da sociedade
brasileira.
Conforme a professora Marina Martins Lourenço Salama,
antes, alguns estudantes a procuravam informalmente para fazerem
algum tipo de trabalho voluntário, pois não
sabiam como realizar ações sociais. Assim, ela
aderiu a idéia da diretora da escola, Marilu Aidar,
de inserir a matéria de projeto social como obrigatória
. “Nas aulas mostramos a importância do terceiro
setor. É um trabalho continuo, que tem começo,
meio e não tem fim”, explica Marina.
A diretora ressalta a importância do jovem conhecer
uma realidade diferente da sua. “Essa moçada
tem que abrir os olhos. Apesar de a disciplina ser obrigatória,
ninguém é obrigado a ter fé”.
Além das aulas teóricas, os alunos podem realizar
trabalhos na própria instituição.
Dos 120 alunos que cursam a matéria, cerca de 80 são
voluntários em diversas instituições
de caridade, como a Casa de Velhinhos Ondina Lobo. Essas visitas
são extra classe e feitas uma vez por semana.
“Eles organizam bingos, shows e dão idéias.
É gratificaste ver como os alunos criam autonomia,
aprendem a conviver com o diferente e criam vínculos.
Essa troca de experiências é fundamental”,
enfatiza Marina.
A aluna Marcela Marsocchi Pinto comenta que fazer um ato
voluntário a ensina a dar mais valor ao que ela tem
e a ter força de vontade para fazer algo melhor. “Nós
aprendemos a pensar na exclusão”.
Após o curso, alguns alunos continuam contribuindo
com os projetos implantados. Um exemplo disso é estudante
do 2º ano Lucas Müssnich, que continua dando aulas
semanalmente para alunos do EJA (Ensino de Jovens e Adultos),
supletivo oferecido pela Lourenço Castanho para que
jovens e adultos possam voltar a estudar.
“É interessante como você expande seus
horizontes. Dou aulas para pessoas que poderiam ser meus avós
ou até mesmo meus irmãos. Com certeza, vou aliar
minha profissão a algum tipo de ação
social”, revela ele.
Embora as aulas de projeto social sejam ministradas apenas
para o 1º ano do ensino médio, todas as séries
participam da iniciativa. As crianças do primário,
por exemplo, fazem os lanches que são enviados às
instituições em dia de festa.
“É política da escola formar um cidadão
consciente de seus direitos e responsabilidades sociais”,
enfatiza a diretora.
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