Trabalhadores
se unem em cooperativas para resgatar a dignidade
Cristina
Veiga
Equipe GD
Economia solidária.
Essa maneira que os trabalhadores estão encontrando para
sobreviver está resultando na redução da desigualdade
social no país. Eles se organizam em cooperativas populares
e transformam o que antes era um meio de sub-existência em
um meio de vida. Orientados primeiramente pela Igreja e hoje também
por acadêmicos e voluntários dos mais diversos setores,
os cooperados estão iniciando uma verdadeira revolução
no país.
É o que
pensa o economista e professor da Universidade de São Paulo
(USP), Paul Singer. "Algo está acontecendo nesse país",
constata ele, com um ar de entusiasmo. Ex-secretário da então
prefeita paulistana Luiza Erundina (então no PT), ele agora
é coordenador da Incubadora Tecnológica de Cooperativas
Populares da USP e do Programa de Economia Solidária da Fundação
Unitrabalho da PUC/SP.
A fórmula
em si não é nova. A novidade está no crescente
número de trabalhadores, dos mais diversos setores, estarem
se organizando em cooperativas. Já existe até associação
nacional dos trabalhadores de empresas auto-geridas. Ainda não
se sabe o número de cooperativas ou o montante de trabalhadores
envolvidos nessa nova forma de trabalho.
"As cooperativas
se multiplicam pelo país e com tal uma rapidez, que não
temos números certos", disse Singer na palestra feita
na Conferência Nacional 2001 - Empresas e Responsabilidade
Social, organizada pelo Instituto Ethos. Assim como as cooperativas,
as incubadoras universitárias são formadas a cada
dia para tentar acompanhar o movimento social. Eles devem, inclusive,
começar a ser "exportadas" para a América
Latina "porque parece que essa é uma invenção
brasileira", diz o professor.
Problemas ainda
existem. O crédito é um deles. Como as cooperativas
são populares não há o que dar como garantia
para conseguir o dinheiro. Uma das idéias em gestação
nas incubadoras é criar uma rede de crédito cooperativo
à exemplo do Banco dos Pobres existente em Bangladesh. É
o crédito solidário: um grupo de cinco mulheres pede
um empréstimo e uma se responsabiliza pela outra garantindo,
desta forma, a devolução do dinheiro à instituição.
Outro problema
é a comercialização do que é produzido
pelas cooperativas. Talvez a solução seja criar cooperativas
de comercialização, arrisca o economista, lembrando
que tudo isso é muito novo para todos os envolvidos no processo.
O fato é que, só em São Paulo, existem hoje
mais de 20 incubadoras em funcionamento e outras tantas em formação.
"É o resgate da dignidade humana", afirma Singer
ao falar sobre as cooperativas e as incubadoras.
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