Artes
marginais
Está
prevista para esta sexta-feira a assinatura de acordo para
tentar tirar do papel um velho - e sempre frustrado - sonho
da cidade: despoluir o rio Pinheiros. É uma parceria
entre a Petrobras e o governo de São Paulo. Aquela
região, fétida e congestionada, pode virar um
pólo de produção de beleza?
O urbanista
Cândido Malta está convencido de que o novo coração
cultural de São Paulo nascerá naquelas imediações.
"A explosão já está acontecendo",
aposta Cândido, que, como responsável pelo Plano
Diretor da USP, quer também mexer na paisagem.
Para facilitar
o acesso dos alunos, a USP preparou projeto de uma estação
de metrô na marginal Pinheiros, ao lado do shopping
Villa-Lobos. Sobre o rio, cujas margens já estão
sendo floridas, seria construído um misto de passarela
com centro cultural, que desembocaria no campus.
Viu-se
na semana passada um dos sinais dessa "explosão":
a inauguração do Centro Tomie Ohtake, dedicado
às artes visuais e cênicas, que foi projetado
pelo arquiteto Ruy Ohtake. Mas o que justifica a aposta nesse
movimento é a combinação da questão
demográfica com as alterações na paisagem
da cidade.
Começa
a ser preparada a saída do Ceasa para o Rodoanel, o
que amenizará o tráfego de caminhões
e, mais ainda, gerará núcleos habitacionais
na gigantesca área desocupada. A linha 4 do Metrô
vai reformar o deteriorado largo de Pinheiros; a prefeitura
estuda a possibilidade de desapropriar o terreno que foi da
Cooperativa de Cotia, que fica em torno da futura estação,
transformando-o, em parceria com o Sesc, em salas de exposições
e de cinemas, com auditórios e restaurantes.
João
Carlos di Gênio está investindo no campus marginal
Pinheiros da Universidade Paulista, da qual é proprietário:
pretende erguer ao lado das faculdades um teatro com 800 lugares
e uma casa de shows com lotação de 7.500 espectadores.
Planeja instalar também os estúdios de sua emissora
de televisão.
Na lógica
da economia de mercado, as bilheterias serão procuradas
pelos moradores dos bairros das redondezas, como Pinheiros,
Vila Madalena, Alto de Pinheiros, estendendo-se até
Perdizes e Sumaré, cinturão em que mora boa
parte da intelectualidade paulistana - pouco disposta, como
qualquer paulistano, a enfrentar o trânsito e, agora,
beneficiada pelas novas linhas do Metrô. "Nosso
sonho é ver as pessoas andando a pé pela cidade",
afirma Ruy Ohtake.
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