Arraial de Canudos, no interior da Bahia, destruído pelas forças federais
Ao desembargar no Rio de Janeiro do trem vindo de São Paulo, em 1894, o futuro presidente do Brasil, Prudente de Morais, sequer foi reconhecido. Nenhuma manifestação popular ou oficial de boas-vindas o aguardava. O primeiro presidente civil eleito era um ilustre desconhecido da maioria da população.
Legítimo fazendeiro do café do interior de São Paulo, Morais chegou ao Rio com o apoio da oligarquia paulista e mineira, principal força econômica da nação na época, mas não ainda a principal força política. Em 1830, o café contribuiu com 43,8% do total do valor dos produtos exportáveis. Em 1880, já era 61,5%. O açúcar contribuía nesse ano com 9,9%.
Nome: Prudente José de Morais e Barros Natural de: São Paulo Gestão: 15.nov.1894 a 15.nov.1898
Dirigiu o Estado de São Paulo e a Assembléia Constituinte. Foi o primeiro presidente a ser eleito pelo voto popular.
Precavido, o novo presidente Prudente de Morais ficou conhecido pelos jornais da época como "Prudente de mais" por sempre respeitar os florianistas do Exército que ainda mantinham influência no governo.
A gestão de Morais foi marcada pela crise constante do preço do café no mercado externo e pelo massacre de Canudos, povoado do sertão nordestino com cerca de 30 mil pessoas, onde se organizou movimento popular político-religioso contrário à exclusão republicana da população miserável.
"O presidente da Republica, movido pela incredulidade que tem atraído sobre ele toda sorte de ilusões, entende que pode governar o Brasil como se fosse um monarca legitimamente constituído por Deus; tanta injustiça os católicos contemplam amargurados", dizia o líder de Canudos, o beato Antônio Conselheiro, assassinado em 1897.
A consolidação definitiva do poder de Prudente de Morais só veio depois do início de sua gestão, após tentativa de atentado contra ele cometida por um soldado vitorioso de Canudos, ligado a grupo interessado na volta dos militares ao poder. Com o ato frustrado, Morais encontrou motivo para decretar estado de sítio no país, caçar adversários e, enfim, iniciar o domínio de São Paulo sobre o conjunto da nação.
Se entrou no Palácio do Catete como ilustre desconhecido, Morais deixou o governo como um herói defensor da República, "contra as forças atrasadas do Império". Na gestão de Prudente de Morais se consolidou uma nova elite e um aparato de poder alternativo ao do Exército...
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