Livraria da Folha

 
17/08/2010 - 10h17

Aluna sofre bullying de valentona em novo livro de Meg Cabot; leia capítulo

da Livraria da Folha

Divulgação
Allie Finkle tem a difícil missão de sobreviver a chacotas na escola
Allie Finkle tem a difícil missão de sobreviver a chacotas na escola

Em sua obra mais recente lançada no país, Meg Cabot, a escritora preferida das adolescentes, aborda o bullying. Se no primeiro volume de "As Leis de Allie Finkle para Meninas - O Dia da Mudança" a jovem protagonista devia se adaptar à mudança de rotina, o segundo livro da série trata de um problema vivido por milhares de jovens no mundo todo.

Allie Finkle está confiante para o primeiro dia de aula na Pine Heights Elementary e a lei número 1 da garota é: vestir algo legal, para que pensem que ela é legal. O look, no entanto, não causa a impressão esperada e as meninas mais velhas começam a rir dela e de Kevin - seu irmão mais novo -, fantasiado de pirata.

Apesar do episódio, a vida de Allie parece ter melhorado. Novas amigas e uma professora legal fazem parte de sua nova rotina. Mas ser a nova aluna da torna-se assustador quando Rosemary, uma típica valentona que provoca medo até nos meninos, não gosta dela e passa a ameaçá-la todos os dias.

De sua avó às suas amigas, todos parecem ter uma opinião sobre como Allie deve lidar com a situação: aulas de boxe, reclamar com a professora ou fugir? Nas páginas de "As Leis de Allie Finkle para Meninas - A Garota Nova" vemos a menina inventando suas próprias regras para enfrentar o problema e descobrindo que o inimigo nem sempre é o que parece.

Leia o primeiro capítulo de "As Leis de Allie Finkle para Meninas - A Garota Nova".

*

LEI Nº 1
No seu primeiro dia em uma escola nova, é preciso vestir algo legal e assim as pessoas acharão que você é legal

Mamãe não achava que eu deveria usar saia e calça jeans no meu primeiro dia na minha nova escola.

- Allie - ela repetia -, você pode usar uma saia ou jeans. Mas não os dois ao mesmo tempo.

Esse argumento não estava ajudando os nós que se formavam no meu estômago, ainda mais porque eu estava a menos de uma hora de começar o meu primeiro dia na Pine Heights Elementary, minha escola nova.

Tentei explicar como a minha saia nova xadrez ficava caindo na cintura quando eu me virava. O que era totalmente legal e um recurso muito importante, principalmente no primeiro dia na escola nova.

Mas o que ia acontecer se na hora do recreio eu subisse no trepa-trepa do parquinho e me dependurasse de cabeça para baixo?

Não estou dizendo que faria isso. Só estou dizendo que poderia acontecer e, se acontecesse, e tudo que eu estivesse vestindo fosse uma saia, os garotos no pátio iriam ver minha calcinha totalmente.

Isso não era exatamente o que alguém gostaria que acontecesse no primeiro dia de aula na escola nova.

Não dá para entender como Mamãe não considerava isso um problema.

Felizmente, era um problema fácil de ser resolvido. E resolveria se usasse uma calça jeans por baixo da saia.

- Allie - disse Mamãe. - Por que você não usa uma meia-calça por baixo da saia? Ou uma legging?

Era uma boa ideia. Mas, como lembrei a ela, todas as minhas meias-calça e leggings ainda estavam encaixotadas, junto com todos os meus pijamas, porque mudamos para a casa nova há apenas dois dias. E não conseguíamos encontrar a caixa onde elas estavam. Só conseguimos encontrar a caixa que tinha a minha calça jeans, camisas e saias.

Minhas meias, leggings e pijamas não eram as únicas coisas que encaixotamos e não conseguíamos encontrar. Também não conseguíamos achar o secador de cabelos, as tigelas para cereal e grande parte dos potes e panelas.

Mas tudo bem nesse caso porque o fogão novo ainda não tinha chegado, então não tínhamos nada para cozinhar nele de qualquer forma.

Pessoalmente, não entendia por que usar a minha saia xadrez com calça jeans era tão ruim assim. Achava que a minha saia parecia cair muito, muito bem com o jeans. Tão bem que decidi usar no meu primeiro dia na Pine Heights Elementary.

Porque No seu primeiro dia em uma escola nova, é preciso usar algo legal e assim as pessoas acharão que você é legal. Essa é uma lei. As primeiras impressões são importantes. Todo mundo sabe disso.

É verdade que eu estive uma vez na Pine Heights Elementary School e conheci minha professora nova (Sra. Hunter) e algumas das minhas novas colegas de turma (Caroline e Sophie, e Erica, é claro).

Mas se por um lado eu havia estado na casa de Erica um monte de vezes assim como ela tinha ido à minha casa porque éramos vizinhas, por outro, ainda não conhecia bem Caroline e Sophie (a não ser do dia em que nos conhecemos durante o recreio e brincamos de um jogo que elas inventaram chamado Rainhas).

E ainda tinha muita gente que eu não havia conhecido mesmo e queria ter certeza de que começaria com o pé direito com elas.

Começar com o pé direito ao conhecer alguém é importante. Não começar com o pé direito pode estragar o ano inteiro.

E era por isso que usar uma saia com calça jeans seria simplesmente a coisa certa a fazer.

Era uma pena que Mamãe não pensasse assim.

Felizmente, Mamãe tinha coisas mais importantes com as quais se preocupar. Como o fato de meu irmão Kevin querer usar sua fantasia de pirata no primeiro dia no jardim de infância da Pine Heights Elementary. Sinceramente, comparado a isso a minha saia com calça jeans não era nada.

- Mas o Halloween foi mês passado, Kevin. - Mamãe ficava dizendo.

- Eu não ligo - disse Kevin. - É importante causar uma boa primeira impressão. Allie disse. Allie falou que era uma lei.

Mamãe estava muito ocupada correndo atrás de Kevin, tentando tirar sua fantasia de pirata, para notar que eu ainda estava usando minha saia com calça jeans. Então me esgueirei para dentro da cozinha para ver o que havia para o café da manhã. E era pipoca.

- Não consigo encontrar as tigelas de cereal - explicou Papai.

- Podemos comer direto da caixa - disse meu irmão Mark, enfiando pipoca dentro da boca. Mark está no segundo ano. O estômago dele não deu um nó por causa do primeiro dia na escola nova. Mark nunca tem nós no estômago por nada, como, por exemplo, saltar do telhado da casa de seu amigo, Sean, o que ele fez uma vez, quebrando o braço em seguida. É porque Mark não pensa em nada a não ser insetos. E esporte. E provavelmente caminhões.

- Uma vez, na casa do Sean- disse Mark -, nós jogamos leite direto na caixa de cereal e comemos dali mesmo com a colher.

- Isso é nojento - falei.

- Não é nada - disse Mark.

- Tenho certeza que o leite vazou - observei.

- Não vazou não - disse Mark. - Por causa da embalagem plástica que tinha dentro.

- Bem, não vou fazer isso - eu disse. - Não vou dividir uma caixa de cereal com você. Não quero seus germes.

- Nós temos os mesmos germes - disse Mark. - Porque somos parentes.

- Na verdade, não temos - falei. - Porque eu não futuco meu nariz e depois como a meleca como algumas pessoas que conheço fazem.

- O negócio é o seguinte - Papai disse enquanto Mark estava negando que come meleca -, ninguém vai dividir a caixa de cereal. Porque eu também não encontro as colheres.

- O que está acontecendo aqui? - perguntou Mamãe, entrando na cozinha. Ela estava segurando o chapéu de pirata do Kevin, mas não o próprio. Ele havia desaparecido por uma das diversas passagens secretas da nossa casa nova, que tem mais de cem anos. - Por que esse cheiro de pipoca?

- É o nosso café da manhã - disse Mark.

- Ah, não - disse Mamãe. - Como isso aconteceu? De quem foi a ideia?

Eu e Mark apontamos para Papai e ele disse:

- Não vejo qual é o problema. Pipoca é feita de milho. As pessoas sempre comem cereal de milho no café da manhã.

- Pipoca não é nutritiva - disse Mamãe.

- É sim - falei. - Pipoca tem muita fibra. Fibra faz bem. - Sei disso porque fiz um trabalho sobre o assunto para a aula de ciências uma vez. Milho, que é algo que cresce em abundância no meu estado, é repleto de fibra. É preciso ter muita fibra na sua alimentação para ajudar na digestão. Essa é uma lei.

- Mas eles não tomaram leite - protestou Mamãe.

- Eu pus manteiga - disse Papai. - E eles tomaram suco de laranja.

Mark e eu levantamos nossos copos medidores com suco de laranja para mostrar a ela. Estávamos bebendo em copos medidores porque Papai não conseguia encontrar os copos normais.

Mamãe olhou para o teto.

- Por favor, não contem aos seus novos professores que vocês comeram pipoca no café da manhã. - Ela disse, antes de sair correndo da cozinha para ir atrás de Kevin, que estava se escondendo até o último minuto para que Mamãe não tivesse escolha a não ser deixá-lo ir para a escola vestido de pirata.

Sabia bem como era isso.

- Meu professor novo, o Sr. Manx, ia achar legal se eu dissesse que comi pipoca no café da manhã - disse Mark. - Provavelmente.

- Bem - disse Papai. - Mamãe gostaria que você não contasse a ele de qualquer forma. Quando voltar para o almoço, as coisas estarão bem mais organizadas. Prometo.

Foi quando a campainha tocou. A campainha da nossa nova casa não é uma campainha normal que você aperta um botão e ela faz ding-dong. A nossa casa nova é tão velha que a campainha é uma manivela que você gira e daí toca um sino que fica pregado no outro lado da parede e que faz brrrrring, como uma buzina de bicicleta.

Mas se encostar a mão no sino enquanto alguém está girando a manivela ele só faz brrurp. Descobrimos isso depois de brincar tanto com a campainha que Mamãe finalmente disse: "Nenhuma criança cujo sobrenome seja Finkle pode tocar a campainha ou não poderá assistir televisão por duas semanas". Essa é uma lei. Não uma das minhas, mas uma das leis da minha família.

- É a Erica! - gritei; eu estava muito animada. Erica disse que apareceria para ir para a escola comigo no meu primeiro dia de aula. Corri até a porta da frente e a abri com força. Lá estava Erica, com seu chapéu e seu casaco, parecendo estar tão animada quanto eu.

- Oi, Allie! - gritou Erica.

- Oi, Erica! - gritei de volta.

- Nem acredito que é seu primeiro dia na Pine Heights! - gritou Erica.

- Mal posso acreditar também! - gritei de volta.

Depois nós ficamos pulando por um tempo até que Mark chegou, passou por nós e soltou um "Garotas" com desdém, depois, correu para se juntar a alguns garotos que viu conduzindo suas bicicletas.

- Espere! - gritou Mamãe de dentro da casa.

- Por que sua casa está com cheiro de pipoca? - quis saber Erica.

- Porque foi o que comemos no café da manhã - expliquei, pegando meu chapéu e meu casaco. - Empacotamos as tigelas de cereal e não conseguimos encontrálas. Também não encontro minhas meias-calças ou as leggings. É por isso que estou usando jeans por baixo da saia. - Girei para mostrar minha saia para Erica.

- Uau, essa saia é tão bonitinha - disse. - Parece a saia que a minha irmã usa na ginástica rítmica.

Fiquei muito feliz em ouvir isso porque a irmã mais velha de Erica, Melissa, que está no Ensino Médio e é muito boa em girar e jogar bastões para o alto, é realmente muito, muito legal, ainda que praticamente não fale conosco e saia pisando duro e com o nariz empinado sempre que estamos por perto.

- Chegamos - disse Mamãe, aparecendo com Kevin a tiracolo assim que Erica e eu íamos nos afastar da porta.

Olhamos para o Kevin. Ele ainda estava usando calças pretas, botas pretas e uma camisa branca com mangas longas e bufantes. Mamãe conseguiu que ele se desfizesse de seu cinturão vermelho, do chapéu de caveira com ossos cruzados, tapa-olho e espada.

- Ela podia ter me deixado ficar com o tapa-olho pelo menos - disse Kevin, parecendo triste.

- Você está ótimo - garantiu Erica.

- Por que você não usa roupas normais? - perguntei a ele. É duro ter um irmão tão esquisito. Observando ele e Mark, às vezes me pergunto como fui tão amaldiçoada no quesito irmã mais velha.

- Você está usando calça jeans com saia - apontou Kevin.

- Não quero que meninos vejam a minha calcinha caso eu suba no trepa-trepa do parquinho - expliquei.

- Bem, eu quero que todos fiquem sabendo que souum pirata - disse Kevin.

- Eles vão saber - garantiu Erica.

- Certo - disse Mamãe num tom de voz falsamente agradável quando voltou com sua bolsa e seu casaco. - Estamos prontos para irmos juntos ao colégio?

Percebia agora que Mark havia sido esperto em ir com aqueles meninos. Não há nada errado em ir para a escola com sua mãe e seu pai no primeiro dia de aula. A não ser tudo. O que, a propósito, é uma lei.

Ou seria uma lei quando a anotasse no meu caderno especial que guardo no meu quarto para escrever as regras.

- Podemos ir sozinhas - expliquei rapidamente.

- E o Kevin? - perguntou Mamãe.

- Ah, podemos levar o Kevin, Sra. Finkle - disse Erica, segurando a mão de Kevin.

Não tinha certeza sobre aquilo. Quero dizer, ninguém me perguntou. Eu não queria levar o Kevin para o colégio.

Mas era melhor do que ter os meus pais indo para o colégio com a gente.

- Claro - falei, pegando a outra mão de Kevin. - Vamos levar o Kevin.

- Tudo bem - disse Papai. Ele estava vestindo o próprio casaco. - Vocês podem levar o Kevin, meninas. E nós vamos andando atrás de vocês fingindo que não as conhecemos. Que tal?

Não era exatamente o que eu queria. Mas era melhor do que nada.

- Certo - murmurei.

Erica e eu guiamos Kevin pela porta. Lá fora, as folhas, que já ganhavam novas cores, começavam a cair das árvores e cobriam as calçadas. Estava frio também.

- Por que você não quer ir pro colégio com seus pais? - quis saber Erica. - Acho que eles são divertidos.

- Eles não são tão divertidos depois que você os conhece - garanti a ela.

- Comer pipoca no café da manhã é divertido - disse Erica. - Meu pai nunca faria isso. E deixar seu irmão usar uma fantasia de pirata no primeiro dia de aula também é divertido. Até mesmo usar jeans por baixo da saia é divertido; ainda que realmente tenha ficado legal.

Pensei sobre o que Erica disse. Não achava que era verdade. Os Finkle não eram divertidos. A verdade era que os Finkle eram extremamente talentosos. Principalmente meu Tio Jay, que Erica nem conhecia ainda porque ele morava no apartamento dele no campus. Provavelmente ele era o Finkle mais talentoso. Ele conseguia virar os dedos dos pés tão para trás que chegavam a tocar o dorso. Para completar, ele tinha polegares muito flexíveis.

Gostaria de ter habilidades tão especiais quanto estas. Se tivesse, não teria problema algum em fazer amigos na escola nova nem teria que usar uma saia que ficava caindo para que as pessoas gostassem de mim. Ter habilidades especiais ou talentos, como polegares muito flexíveis, faz com que os outros gostem automaticamente de você (essa é uma lei).

É verdade que Erica gosta de mim. Mas ela não me pediu para ser sua melhor amiga nem nada. Uma saia que ficava caindo provavelmente não iria influenciar a decisão dela. Mas eu precisava fazer o que estivesse ao meu alcance.

Quando estávamos na metade do caminho para a escola e chegamos no sinal da primeira (e completamente tranquila) rua que precisávamos atravessar para chegar na Pine Heights, notei duas garotas se aproximando, vindas da direção oposta. Erica disse:

- Olhe! É Caroline e Sophie.

E era mesmo.

- Ah, minha nossa, é seu primeiro dia - gritou Sophie, pulando para cima e para baixo quando me viu. - Isso é tão legal!

- É mesmo - gritei de volta. Porque Se alguém está gritando de tanta animação, a coisa mais educada a fazer é gritar de volta. Essa é uma lei. - Estou tão nervosa! Meu estômago está dando nós!

- Não fique nervosa - disse Caroline. Ela foi a primeira a parar de pular. Estava começando a perceber isso, na verdade, Caroline é bem séria. - Só seja você mesma. Esse é seu irmão mais novo? Por que ele está vestido assim?

- Porque eu sou um pirata - informou Kevin a ela.

Caroline olhou de Kevin para mim.

- Ele é do jardim de infância - expliquei, dando de ombros

- Aqueles são os seus pais? - sussurrou Sophie, percebendo meus pais logo atrás de nós. Eles acenaram e Sophie e Caroline acenaram de volta, educadamente.

- Apenas ignore - pedi, puxando Kevin para que voltássemos a andar.

- Eles queriam levar Allie e Kevin ao colégio hoje - explicou Erica. - Mas Allie não deixou, então agora eles estão nos seguindo.

- Ahh - disse Sophie. - Que fofo!

- O pai de Allie fez pipoca para o café da manhã - disse Erica. Dava pra perceber que ela estava gostando de falar sobre como os Finkle eram engraçados. Aquele estava se tornando um dos seus assuntos favoritos. - Porque não encontrou nenhuma tigela para os cereais!

- Vocês não devem contar a ninguém sobre a pipoca - lembrei. - Ou, pelo menos, não contem para nenhum professor.

- Está tudo bem - disse Caroline. - Uma vez, não tínhamos nada para rechear o sanduíche, então meu pai fez sanduíches de mostarda pra gente. Não eram muito bons. Meus pais são divorciados - ela explicou. - E minha irmã mais velha e eu moramos com meu pai. É difícil às vezes.

- Deve ser - concordei, solidária.

-Meu pai é um excelente cozinheiro- disse Sophie. - Para o jantar de ontem ele fez espaguete à bolonhesa. Meu pai é quem cozinha na minha família porque minha mãe está trabalhando na sua tese de mestrado. E ela é uma péssima cozinheira também. Ela cozinhou pot-pourri uma vez.

-Não se cozinha pot-pourri - disse Caroline.

-Cozinha-se, sim - disse Sophie. - Se for ao shopping e deixá-lo em cima do fogão, fervendo lentamente, a água vai evaporar até o pot-pourri queimar e então o alarme de incêndio será acionado e os vizinhos ligarão para o corpo de bombeiros. Foi tão constrangedor.

Era legal o que Caroline e Sophie estavam fazendo: dissolvendo os nós do meu estômago.

E meio que estava funcionando. Praticamente todos os nós haviam sumido.

Embora não estivéssemos andando exatamente rápido, antes que eu pudesse perceber estávamos pisando nas folhas mortas que cercavam o pátio da Pine Heights Elementary. Eu podia ouvir os gritinhos de encorajamento enquanto as crianças (incluindo o meu irmão Mark) jogavam queimado e esperavam o sinal tocar. Podia ver as pessoas no balanço, dando impulso para ir cada vez mais alto. Via grupos de crianças simplesmente de pé, fazendo nada a não ser olhar para as outras crianças que olhavam para elas (inclusive eu).

Foi quando os nós voltaram ao meu estômago. Na verdade, os nós simples se transformaram em intrincados nós de marinheiro, se retorcendo dentro de mim. Tudo porque eu não conseguia evitar pensar: e se nenhuma dessas crianças que estão no pátio gostar de mim? E se as únicas pessoas a falarem comigo durante todo o dia fossem Erica, Sophie e Caroline? O que não seria ruim... mas eu não queria que elas ficassem enjoadas de mim, não no primeiro dia de aula. Então, por um ano inteiro, ninguém ia gostar de mim com exceção das três. Seria horrível! Quero dizer, para elas.

Foi aí que algo realmente horrível aconteceu.

Kevin soltou a minha mão e a de Erica e correu em direção ao trepa-trepa, acho que ele viu algumas crianças da idade dele brincando.

Para mim, Kevin parecia normal. Quero dizer, a verdade é que ele usa sua fantasia de pirata o tempo todo: para ir ao mercado, para ouvir histórias na biblioteca e para ir ao Dairy Queen tomar seu sorvete favorito, de baunilha com calda de caramelo, que ele sempre tem o cuidado de não derramar em seu cinturão vermelho.

Mas ouvi alguns alunos em grupinhos ao redor, eram meninas, meninas mais velhas, talvez do quinto ano, começarem a rir. Quando olhei para elas, vi que estavam rindo... do Kevin! Só podia ser dele porque riam e olhavam direto pra ele.

Estavam rindo do meu irmão.

E daí elas olharam pra mim. E então começaram a sussurrar entre elas. Só podiam estar cochichando sobre mim. Mas por quê? O que eu estava fazendo de errado? Eu não estava usando calças de pirata e botas por baixo do meu casaco.

E foi quando me lembrei: eu estava usando uma saia com calça jeans. Insisti em usar uma saia com calça jeans, apesar de mamãe ter tentando me convencer do contrário.

Ah, isso era terrível! E foi quando percebi. Talvez o que Erica havia dito fosse verdade - os Finkle eram divertidos. Talvez os Finkle fossem divertidos demais... engraçados demais para se encaixarem em um lugar novo. Como uma escola nova... ou um bairro novo... ou qualquer coisa nova.

Ah, por que deixei meus pais me convencerem a me mudar? Por que deixei que me convencessem a começar em uma escola nova, onde não conhecia ninguém e onde as pessoas deviam achar que os Finkle eram divertidos?

E por que - por que, ah, por que - usei uma saia com calça jeans no meu primeiro dia de aula na escola nova?

*

"As Leis de Allie Finkle para Meninas (Vol. 2) - A Garota Nova"
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Páginas: 192
Quanto: R$ 22,90 (veja preço especial)
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha

 
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