Diego
Medina
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Esse tal espírito olímpico, que tomou de assalto jornais e
TVs, despachou as três últimas colunas deste jornalista apenas
para a Web e dominou as discussões entre torcedores (e finalmente
acabou!), deixou na minha cabeça uma discussão intrigante:
afinal, que países dominam quais modalidades atualmente?
O Brasil não é mais o país do futebol? Na natação, é a Holanda
que agora faz barulho? Ou a Austrália? E no atletismo, os
EUA ainda dominam? O tênis, ainda bem, não cai nessa mais.
Está, aliás, muito longe de cair nessa. E, cheguei à conclusão
definitiva mesmo, ainda bem!
Nunca a geografia do tênis esteve tão aberta. E isso é que
tem tornado o tênis um esporte mais visível, emocionante e
imprevisível. Mais gostoso de ver.
Se em 1977 apenas nove países tinham tenistas campeões, hoje,
em apenas dois minutos, passa-se essa contagem facilmente
quando se pensa em que nações têm tido atletas dando raquetadas
e conquistando torneios.
Essa história de império norte-americano, sucedido pela chamada
armada espanhola, não existe mais. Falamos agora de tenistas
sem saber se pertencem à escola sueca, americana, blablabla.
Já não se pode dizer que espanhóis são só os reis do saibro
(Alex Corretja e Carlos Moyá já foram finalistas em Copa do
Mundo em piso rápido).
Dizer que Gustavo Kuerten é só surfista no saibro é balela
(e as quartas-de-final em Wimbledon e o título em Indianápolis?).
Que os tenistas suecos são mestres no piso rápidoé um rótulo
falso (e Magnus Norman e seu desempenho em Roma e Roland Garros?).
Hoje, um tenista só se torna notícia por ser deste ou daquele
país quando vem de algum lugar chamado Benin. E joga contra
o número um do mundo.
O que quero dizer que é não faz a mínima diferença no tênis
mundial hoje saber de que país vem Marat Safin, Marcelo Ríos
ou Nicolas Kiefer. No tênis, eles são maiores que seus países.
Seu sucesso, a curiosidade que despertam, isso tudo vem de
seus estilos, vem da história pessoal de cada um, não da ligação
com o lugar onde aprender a jogar.
Gustavo Kuerten não representa o tênis brasileiro, mas um
estilo de jogo bonito, forte e ofensivo. Yevgeny Kafelnikov
não tem nada a ver com o tênis russo, mas com uma maneira
clássica, eficiente e consistente.
Gostem ou não aqueles torcedores que aprenderam a ser torcedores
gritando "Bra-sil, Bra-sil", o tênis mundial não tem Brasil,
mas Gustavo Kuerten. Assim como é Marat Safin, que virou tenista
na Espanha, ou Yevgeny Kafelnikov, que gosta mesmo é de jogar
na Austrália, e não Rússia.
Que importa, aliás, em um ATP Tour, em pleno circuito mundial,
saber de que país vem tal tenista? A que "escola" ele pertence?
Vale mais saber a história pessoal do sujeito, o estilo que
ele tem, como se formou, como se mostra, se aprimora.
É isso que distancia Marat Safin da Rússia, Gustavo Kuerten
do Brasil e Marcelo Riós do Chile, a raquete da bandeira.
Notas
Em Lisboa
Andre Agassi também está garantido na Copa do Mundo. Nesta
semana, a ATP confirmou o norte-americano, que entra na oitava
vaga, destinada a um vencedor de Grand Slam que não chegasse
entre os oito primeiros. Por essa regra, está garantido porque
fica entre os oito primeiros ou é o único campeão de Grand
Slam fora da lista de classificados.
Em São Paulo
Uma etapa do Circuito Juvenil Banco do Brasil está rolando
no clube Espéria, com bons jogos e entrada franca todos os
dias, a partir de 9h. Vale a pena uma passada para ver gente
jogand com vontade de virar campeão.
Em Sydney
Yevgeny Kafelnikov, que adora jogar na Austrália, terminou
mesmo com o ouro. Na chave feminina, a festa foi de Venus
Williams, mais medalhas de ouro que muito país inteiro. E,
sem festa, acabou a parceria entre os "Woodies", Mark Woodford
e Todd Woodbrige. "Nós somos ouro", disse Woodford, prata
no peito.
E-mail: reandaku@uol.com.br
Leia
mais:
Colunas anteriores:
27/09/00
- Luzes no homem russo
20/09/00
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13/09/00
- Quem vai para Sydney?
O que vai para Sydney?
06/09/00
- Erro não-forçado, coração
triste
30/08/00
- Quem ele pensa que é?
23/08/00
- Um
troféu novo, uma prateleira cheia
16/08/00
- Gustavo Gustav Guga Caverna
Kuerten
09/08/00 - Começos
02/08/00 - Match point
26/07/00 - Carta aos pais
19/07/00 - Crise Americana
12/07/00 - Made in USA
05/07/00 - Desprezo geral
28/06/00 - O rei da
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21/06/00 - Um outro
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14/06/00 - Não
tem pra ninguém
07/06/00 - Simplesmente um
show
31/05/00 - Paris é
uma festa
24/05/00 - O melhor do mundo
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