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"O basquete vive momento agudo de renovação. É nos lugares que formam atletas que os marketeiros deveriam centrar fogo. A CBB puxa o cobertor de investimentos para outros Estados e deixa o melhor basquete do país à mercê do frio."
Há três anos a coluna lançou o diagnóstico acima, de que a estratégia da Confederação Brasileira
era predatória e pouco inteligente _e que, cedo ou tarde, implodiria o basquete paulista. À época, fui acusado de exagerar no bairrismo, de "jogar para a torcida".
Pois aos eternos otimistas ofereço o cardápio a seguir, formado por notícias fresquinhas, todas de maio (o inverno nem começou...):
* Pela primeira vez, nos dez anos em que a competição respeita o atual formato, São Paulo aparece em minoria nas quartas-de-final do Nacional masculino. São três times, contra cinco de outros Estados (três do Rio, um de Minas e um do Paraná). Só um paulista, o Franca, entra com vantagem de decidir em casa a primeira rodada do mata-mata.
* Foi a primeira vez, também, que nenhum paulista ficou entre os três melhores na fase de classificação, honra que coube a Vasco, Flamengo e Uberlândia.
* O campeão estadual nem mesmo se classificou para a segunda fase. O Bauru amargou, sim, o nono lugar entre 14 equipes.
* A melhor jogadora do Brasil, a ala Janeth, depois de trilhar toda a carreira nacional em São Paulo, acertou a transferência para o Rio. Vai jogar no Vasco, ao lado de outras "expatriadas" como Claudinha, Kelly, Elena e Kátia.
* A principal revelação do Nacional-00, a ala Micaela, do Guaru, também tomou a ponte-aérea e fechou com Eurico Miranda.
* Após dois anos, o Vasco desistiu do intercâmbio com o Barueri e engavetou o estudo de novas parcerias no interior paulista.
* Os dois principais patrocinadores do basquete de São Paulo resolveram rever seus investimentos. O BCN desmanchou o time profissional que mantinha em Osasco; a Arcor deve, na melhor das hipóteses, enxugar os gastos em Santo André. Nas duas cidades, estão os principais centros de lapidação de jogadoras do país.
* A paulista Hortência, dirigente do Paraná, divulgou que está estudando transferir o time para o Rio no segundo semestre, e não para São Paulo, como se esperava _e como ocorreu em 1999, em Carapicuíba. É que o Vasco precisa de um adversário forte para viabilizar o Estadual do Rio. E nenhuma equipe melhor do que a atual campeã nacional, certo? A CBB faz tudo para que o negócio saia. O projeto social de Carapicuíba, o festejado "basquete da periferia", que se dane.
* Até o modesto time de Ourinhos revelou que quer atravessar a fronteira e formalizar a parceria com o América carioca.
* Gerasime Bozikis, numa manobra de bastidores, antecipou em um ano as eleições para a presidência da CBB e conseguiu estender seu mandato até 2005. Paulo Cheidde, ex-presidente da Federação Paulista, que no ano retrasado minimizava o impacto da investida do Rio pavimentada por Grego ("vai servir para oxigenar o basquete de SP"), pensou em lançar uma chapa simbólica, em protesto contra o tapetão, mas acabou desistindo.
NOTAS
Rio
Os três times cariocas tropeçaram na abertura dos mata-matas. Mas Botafogo e Flamengo se recuperaram na rodada seguinte _assim como o Vasco era favorito para se reerguer ontem à noite.
Minas
Ao lado do Casa Branca (SP), o Uberlândia é a maior surpresa do Nacional-00. Treinada por Carioquinha, um dos maiores fominhas que vi jogar, a equipe dá exemplo de basquete solidário e equilibrado. Matou o Mogi fora de casa no fim-de-semana e tem tudo para seguir nos playoffs.
Paraná
Por conta da torcida, o Londrina também é notícia no torneio. Com mais de 4.000 pessoas por jogo, as arquibancadas empurraram o time para uma boa campanha e para uma vitória espetacular sobre o Vasco no sábado.
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