Reuters
06/12/2002 - 16h13

Presidente paraguaio espera tranquilo decisão sobre impeachment

da Reuters, em Brasília

O presidente paraguaio, Luis González Macchi, disse hoje que aguarda com serenidade e sem peso na consciência o desenrolar de um processo de impeachment contra ele.

Ele disse ainda que "o dano feito a meu país, a oito meses do fim da minha presidência, não pode ser quantificado", em um discurso pronunciado durante a cúpula do Mercosul, em Brasília.

A Câmara dos Deputados do Paraguai aprovou ontem o início de um processo de impeachment de González Macchi devido a cinco casos de corrupção e ao mau desempenho das funções dele no governo, cujo mandato acaba em agosto de 2003.

Uma comissão formada por cinco deputados deve apresentar a acusação contra o presidente nos próximos dias para que o Senado a julgue. O Senado precisa de 30 votos de seus 45 membros para destituir o presidente.

González Macchi havia declarado que não renunciaria e que o processo contra ele é político e relacionado às primárias dos partidos, previstas para finais de dezembro.

Durante sua transição para a democracia, o Paraguai, que viveu 35 anos sob o governo do ditador Alfredo Stroessner, até 1989, sofreu reiteradas crises políticas e ao menos quatro tentativas de golpe de Estado que ameaçaram o sistema democrático.

"Garanto que as primárias dos partidos, que devem ser realizadas nos próximos 15 dias, e a eleição nacional de 27 de abril de 2003 serão levadas a cabo com toda a normalidade, dentro dos conformes da lei", assegurou o presidente.

González Macchi pertence ao Partido Colorado, grupo político que governa o país há 55 anos de forma ininterrupta e que tem o apoio de mais de 70% dos paraguaios, segundo pesquisas recentes.

Os deputados que deram início ao processo de impeachment pertencem ao opositor Partido Liberal e ao movimento dissidente do Partido Colorado, liderado pelo ex-general Lino Oviedo, que está enfrentando o presidente.

O Paraguai assumiu hoje seu posto na presidência rotatória do Mercosul, a união comercial que reúne ainda o Brasil, a Argentina e o Uruguai, e que tem como sócios Chile e Bolívia.

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