Reuters
13/02/2003 - 09h44

Japão diz que atacará Coréia do Norte em caso de ameaça

da Reuters, em Tóquio

O Japão poderia lançar uma ação militar contra a Coréia do Norte se tivesse provas de que o país comunista estaria pronto para usar seus mísseis balísticos, hoje o ministro japonês da Defesa, Shigeru Ishiba.

"Será tarde demais se (um míssil) voar em direção ao Japão", disse Ishiba. "Nossa nação vai usar a força militar como medida de autodefesa se (a Coréia do Norte) começar a recorrer a armas contra o Japão", afirmou.

Segundo ele, a colocação de combustível em um míssil apontado para o Japão já pode ser considerada o começo de um ataque. O ministro evitou o uso da expressão "ataque preventivo". Segundo a interpretação mais corrente da Constituição pacifista japonesa, o país só pode recorrer à guerra como meio de autodefesa.

Conhecido por suas tendências belicistas, Ishiba, 46, defendeu também que o Japão desenvolva um sistema de defesa antimísseis em conjunto com os Estados Unidos. "É uma das nossas principais opções. Nossa nação deveria buscá-la", afirmou.



Ao contrário de vários outros países, o Japão evitou críticas ao projeto norte-americano de um sistema nacional de defesa antimísseis. Esse sistema pode ser adaptado para proteger também os soldados norte-americanos na Ásia e os países aliados de Washington no continente.

O temor de um ataque norte-coreano vem crescendo desde outubro, quando Pyongyang teria anunciado sua intenção de retomar um programa de armas nucleares. O regime comunista diz ter o direito de usar mísseis balísticos.

Em 1993, já houve uma crise na região por causa de um teste com o míssil de médio alcance Rodong-1 sobre o mar do Japão. Cinco anos depois, a Coréia do Norte disparou o Taepodong-1 passando pelo Japão, demonstrando que ele poderia atingir as principais cidades japonesas, inclusive Tóquio, com seu alcance estimado de mil quilômetros.

Fontes norte-americanas disseram ontem que a Coréia do Norte já tem uma segunda versão do Taepodong, que poderia atingir até a Costa Oeste dos Estados Unidos. Esse míssil, porém, ainda não teria sido testado.

A Coréia do Norte disse hoje, por meio de uma autoridade do Ministério das Relações Exteriores do país, Ri Kwang Hyok, que tem capacidade de atacar alvos americanos em qualquer lugar do mundo, se for provocada. O aviso norte-coreano ocorre um dia depois de a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) decidir levar seu caso ao Conselho de Segurança da ONU. As informações são da agência de notícias France Presse (AFP).

"Onde quer que eles estejam, podemos atacá-los", disse Ri. "Não há limite para nossa capacidade de atacar. A força do Exército do Povo Coreano pegará o inimigo onde quer que ele esteja", acrescentou.

Ishiba não descartou a hipótese de a Coréia do Norte também ter armas nucleares, mas não quis detalhar o assunto. Segundo ele, a Coréia do Norte tem vários mísseis Rodong, com alcance de 1.250 quilômetros, apontados para o Japão.

O ministro, que assumiu o cargo em setembro, disse que no futuro o Japão deve se fortalecer militarmente para diminuir a dependência dos Estados Unidos. "Ninguém dá carona grátis na era pós-Guerra Fria", afirmou.

A partir de março, por exemplo, o país começa a lançar quatro satélites de espionagem, que permitirão uma melhor vigilância sobre a Coréia do Norte.

Tóquio e Washington reforçaram sua aliança militar em 1998, o que preocupa a China, temerosa de que isso signifique um pacto para a defesa de Taiwan caso Pequim decida invadir a ilha, considerada uma "Província rebelde" pelos chineses.

Ishiba defendeu também a aprovação de uma "legislação de crise" que dê mais poderes aos militares em caso de ataque e restrinja os direitos civis sob certas circunstâncias. O projeto é polêmico porque evoca a supressão de direitos que vigorou no Japão durante a Segunda Guerra Mundial.

"Essa legislação é destinada a evitar a guerra. Precisamos nos preparar para não estarmos expostos a ataques", afirmou.

Com agências internacionais

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