Reuters
20/02/2003 - 09h19

Acordo com os EUA, só por escrito, diz líder turco

da Reuters, em Ancara

O líder turco, Tayyip Erdogan, disse que o país só vai abrir suas bases aos soldados norte-americanos se Washington colocar no papel a recompensa que pretende oferecer a Ancara pela colaboração na eventual guerra contra o Iraque.

O Parlamento da Turquia, que é um país da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), ainda não aprovou a entrada de soldados norte-americanos em seu território, o que complica os planos dos EUA de abrirem uma segunda frente, ao norte do Iraque, na eventual guerra.

"Isso não vai acontecer sem uma assinatura", disse Erdogan ao jornal "Yeni Safak", simpático aos movimentos islâmicos. "Não temos uma data em mente. Só quando chegarmos a um acordo vamos mandar o pedido (de deslocamento de tropas) ao Parlamento", afirmou.



A Turquia argumenta que teve grandes prejuízos com a Guerra do Golfo, em 1991, sem conseguir em troca influenciar a nova ordem da região, especialmente no estratégico norte do Iraque.

A Casa Branca já demonstra impaciência com a indefinição turca. Ontem, o governo disse que a última oferta aos turcos é um pacote de US$ 6 bilhões em doação e até 20 bilhões em garantias de empréstimos.

Erdogan quer certeza do Congresso norte-americano de que o dinheiro será liberado rapidamente. "Eles falam em dois meses (para aprovar a ajuda no Congresso). Não é claro o que pode acontecer em dois meses. O Congresso pode tomar uma decisão positiva ou negativa."

O líder turco disse, porém, que o risco de instabilidade na região pesa mais que a ajuda financeira. "É ridículo chamar isso de barganha por dólares. As dimensões políticas e militares são muito mais importantes, a dimensão econômica vem depois."

Uma guerra na vizinhança pode provocar turbulências no sudeste da Turquia, habitado por uma população curda que desde 1984 busca sua independência, num conflito que já matou 30 mil pessoas. O norte do Iraque, no outro lado da fronteira, já é administrado pelos curdos desde o final da Guerra do Golfo.

Os militares planejam enviar milhares de soldados à região para conter uma potencial invasão de refugiados e impedir que, aproveitando-se da guerra, os curdos do Iraque declarem a independência.

Erdogan é o chefe do Partido da Justiça e do Desenvolvimento, criado a partir de dois movimentos islâmicos proscritos e eleito com ampla maioria para o governo em novembro. Ele próprio foi proibido de se candidatar por ter sido condenado pelo crime de incitação religiosa. Erdogan define seu partido como conservador, laico e pró-Ocidente. Ele pode assumir o cargo de primeiro-ministro numa eleição suplementar em março.

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