Reuters
20/02/2003 - 09h45

Homens armados capturam líder grevista na Venezuela

da Reuters, em Caracas

Homens armados, aparentemente da polícia do governo venezuelano, capturaram hoje um executivo que ajudou a liderar a greve contra o presidente Hugo Chávez, depois que um juiz determinou a prisão dele e de um líder sindical por rebelião, disseram membros da oposição.

Oito homens fortemente armados pegaram Carlos Fernandez em um restaurante no leste de Caracas e dispararam no ar para manter pessoas que protestavam à distância. Ele foi colocado em um carro, segundo testemunhas.

Inimigos de Chávez rapidamente condenaram a detenção de Fernandez, o chefe da Fedecámaras (associação nacional dos empresários), classificando-a de intimidação por parte do presidente, a quem acusam de usar o poder como um ditador.



"Isso está completamente fora da lei", disse o negociador da oposição Rafael Alfonzo.

Um juiz afirmou à televisão estatal que Fernandez e o líder sindical Carlos Ortega, à frente da greve para tentar tirar Chávez do poder, foram detidos por desobediência civil, sabotagem e outras acusações.

Chamando seus inimigos de "terroristas" e "planejadores de golpes", Chávez prometeu punir os adversários que acusa de tentaram derrubá-lo ao sabotar a indústria petrolífera, vital para a economia da Venezuela.

Três meses de negociações entre os dois lados acabaram em pouco progresso para criar um acordo sobre eleições no país. Mas, no começo desta semana, negociadores do governo e da oposição assinaram um pacto de não-violência para diminuir as tensões.

Chávez, que já sobreviveu a uma tentativa de golpe em 2002, promete desmantelar a rede oposicionista responsável pela greve, que praticamente parou a produção de petróleo, motor da economia nacional. Ele também impôs controles cambiais e tabelamento de preços para tentar fortalecer a economia e evitar a inflação.

Desde dezembro, Chávez já demitiu mais de 12 mil funcionários grevistas da estatal petroleira PDVSA, que segundo ele deveriam ser presos por sabotar a empresa. Os empregados negam essa intenção.

Após três meses de negociações, feitas sob mediação internacional, ainda não há um acordo entre governo e oposição a respeito da convocação de eleições antecipadas. Nesta semana, ambas as partes firmaram um pacto de não-agressão, o que não impediu a morte de três soldados dissidentes e de um militante da oposição. A polícia e os parentes não chegam a um acordo sobre a possível motivação política dos crimes.

As autoridades disseram que as quatro vítimas foram seq estradas na noite de sábado, quando saíam de uma manifestação. Eles foram amarrados e torturados antes de serem mortos. Segundo a polícia, o crime foi uma vingança, não uma ação política. Os parentes discordam.

A oposição diz que incidentes como esses são um sinal de que Chávez está levando o país para a luta armada, encorajando seus simpatizantes a silenciar os dissidentes à força.


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