Lugares históricos e inusitados viram cenários para o making of de noivos
Do making of ao after, cabe o mundo. Um mundo dominado por termos em inglês, que respira novidades, e do tamanho que seu sonho e bolso puderem abraçar. Da foto no meio da rua, no supermercado, ou na praia, ao registro —muitas vezes, informal— da cerimônia e da festa, a escolha da fotografia de seu casamento pode ir, literalmente, de 8 a 80, contados em milhares de reais.
A regra, dizem os profissionais, é simples: bom gosto. O objetivo: ser verdadeiro.
Daqui até quando Deus quiser, sempre que olhar para essas imagens, lembre-se: é essa a história que elas devem contar. A sua.
Até por isso, o leque é cada vez maior, não se restringindo apenas ao grande dia. Em uma dessas opções, saem de cena a igreja, o bolo e tudo mais que os antigos álbuns mostram. Meses antes da cerimônia, o pré-wedding (pré-casamento) é a escolha para quem quer fazer um tipo de aquecimento e registrar
um pedaço da trajetória que leva ao altar.
Uma tendência é fazer as fotos, por exemplo, em locais públicos que tenham a ver com a história do casal. Vale tudo, do lugar em que se conheceram aos lugares que frequentam no dia a dia.
No caso de Livia Ienne Mescollote, 26, e Paulo Vitor Barthelemi Mescollote, 27, o cenário escolhido foi o do centro de São Paulo. Os dois são de Jundiaí, no interior, mas ele já trabalhava na capital. Boa parte do relacionamento se desenrolou assim.
Sempre que vinham juntos à cidade, passeios pelo centro faziam parte do roteiro. Logo, o lugar não poderia ser outro, explica Valéria Gonçalvez, fotógrafa que costuma desenvolver um laço muito mais forte do que o comercial com os noivos.
Não é raro que o que começa com uma sessão de pré-wedding acabe com ela fotografando até mesmo o batizado dos filhos. Após o casamento, em janeiro de 2014, ela fez as fotos de Lívia grávida. "Acabo fazendo as fotos de toda a família", diverte-se Valéria que há sete anos trocou a redação de um grande jornal pelas fotos de casamento.
Nessa troca, tratou de levar consigo a experiência de mais de dez anos de jornalismo e aplicar essa linguagem aos casamentos. O que ela retrata vai além das fotos posadas e perfeitas, estendendo os registros para os fins de festas, quando noivos e convidados se despem das formalidades e se jogam na curtição de um dia que deve ser único. "No fim, eles te escolhem pelo seu olhar", afirma.
Para isso é preciso confiança. Aí nem sempre a imagem vale mais do que mil palavras. O processo é o mesmo do fotógrafo Rafael Karelisky, 31: conversar e conversar. Tudo para entender melhor quem são os noivos.
Avesso a rótulos, o que ele faz se aproxima da fotografia documental. "Não faço fotografia de casamento, faço fotografia do casamento", diz Karelisky.
Aqui, a imagem explica muito melhor as sutilezas da diferença. Uma rápida olhada para as fotos de seu portfólio basta para entender. Noivos e convidados em situações completamente não planejadas ou posadas. O trabalho de Karelisky se destaca dessa forma, mas sempre com bom gosto. Para quem pode, não é raro, que ele faça as fotos do casamento como a "segunda equipe". Ou seja, os noivos contratam um fotógrafo para as fotos mais tradicionais e ele faz as imagens "mais soltas". "Casamento é um dia em que as pessoas se libertam. O limite vem depois, na edição."
Limite é uma palavra relativa nesse universo. Em alguns casos, ele parece quase não existir. Imagine suas fotos de casamento em Ibiza, Miami, Itália ou em qualquer outro lugar. Esse é o mundo do fotógrafo brasileiro Everton Rosa. Suas fotos partem de R$ 8.000, mas quem o contrata desembolsa, em média, R$ 80 mil. "Já deixei de fazer foto de filho de presidente por não ter agenda", afirma Rosa -que, entre outros, fez as fotos da cerimônia de Ana Maria Braga. "Mudou minha vida."
Ele é o precursor no Brasil de um estilo de fotos até para quem não pensa em subir ao altar. Trata-se do "street wedding". "São para pessoas que não pensam em casar, mas querem as fotos", explica ele, um dos mais badalados fotógrafos. O segredo? "Deixo as noivas lindas. Não há pessoa feia. O que há são pessoas fotografadas do ângulo errado", diz.
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ONDE SABER MAIS:
evertonrosa.com.br
rafaelkarelisky.com.br
valeriagoncalvez.com.br/home
