Após 12 anos, Raimundos lança CD pesado e cheio de malícia; ouça música inédita

Superou todas as expectativas. É isso que os fãs mais fervorosos do Raimundos não param de dizer nas redes sociais sobre "Cantigas de Roda", o novo disco que eles esperaram por 12 anos.

As músicas são pesadas, divertidas e cheias de malícia, bem no espírito da banda, dizem eles. E são mesmo. "Cachorrinha", "Gordelícia" e "Baculejo" estão aí pra confirmar —essa última, aliás, já chega com total cara de hit, e dos bons [ouça com exclusividade logo abaixo].

Digão (vocal e guitarra), Marquim (guitarra), Canisso (baixo) e Caio (bateria) gravaram o CD com o dinheiro arrecadado no Catarse, num financiamento coletivo que superou os R$ 120 mil. Com a grana, foram produzir o álbum em Los Angeles com Billy Graziadei (líder do grupo Biohazard).

Patrick Grosner/Divulgação
Após 12 anos, grupo Raimundos lança CD pesado e cheio de malícia
Após 12 anos, grupo Raimundos lança CD pesado e cheio de malícia

Quem colaborou com o "dindin" recebeu, nesta semana, um link para ouvir tudo em primeira mão —a venda, exclusivamente on-line, começará só no início de março.

Pelo jeito, o novo trabalho —que é o primeiro de inéditas desde "Kavookavala", de 2002– saiu melhor que a encomenda na opinião dos próprios músicos também.

"Jamais imaginaria essa unanimidade positiva dos velhos e dos novos fãs", conta Digão, que chega a dizer que "pela primeira vez não sente vergonha" da sua voz. Além do "Kavooka", ele também assumiu os vocais na gravação do CD/DVD ao vivo "Roda Viva" (2010), que reuniu os sucessos da banda.

O "Cantigas de Roda" conta com 12 novas músicas, com destaque para "Rafael", "Politics", "Gato da Rosinha" e pra já citada "Baculejo". Em "Dubmundos", a participação especial é do rapper Sen Dog, do Cypress Hill.

O próximo show será neste sábado (dia 15) em Piracicaba, no Teatro São José. E a banda tem apresentação marcada em São Paulo em 6 de abril, no festival Lollapalooza. Para ver a agenda completa é só acessar o site oficial.

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OUÇA A NOVA MÚSICA "BACULEJO":

Ouça

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BATE-PAPO COM RAIMUNDOS:

O que acham dessas primeiras boas opiniões dos fãs "das antigas"?

Digão - A gente trabalhou no sentido de fazer um verdadeiro disco do Raimundos e acabou saindo melhor que a encomenda. Jamais imaginaria essa unanimidade positiva dos velhos e novos fãs nas nossas redes sociais. Fazer esse disco foi um desafio interno, precisávamos provar pra nós mesmos que somos capazes de manter à altura o nome dessa banda. Agora não vejo a hora de começar a nova tour... se o disco é bom de ouvir, imagina tocá-lo.

Marquim - Estamos felizes e com a sensação de dever cumprido, porque trabalhamos muito para fazer valer o apoio dos fãs.

Canisso - Eu sou muito exigente e perfeccionista, e também tenho por hábito manter minhas expectativas baixas pra não me decepcionar. Sendo realista, eu só esperava agradar aos fãs de coração, aqueles que nunca abandonaram a banda nesse tempo todo. Esse disco era uma antiga "exigência" deles e foi feito pensando neles. Fico muito satisfeito com essa acolhida, o mérito maior sempre será dessa galera que manteve a banda viva, mesmo longe da mídia.

Caio - Como o "Cantigas" é o primeiro álbum de inéditas com essa formação, faltou experiência pra saber se as músicas iriam agradar ou não. Então nossa expectativa era muito grande pra saber se os fãs iriam gostar desse trabalho. Quando lançamos o download e a resposta foi muito, mas muito positiva mesmo, veio um sentimento muito grande de vitória, um sentimento de "conseguimos"!

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O disco superou a expectativa de vocês?

Digão - O "Cantigas de Roda" passou e muito das minhas expectativas. Pela primeira vez não sinto vergonha da minha voz [risos].

Marquim - Acho que todos os quatro ficamos satisfeitos, pensando "não é que ficou bom mesmo?".

Canisso - Muito, eu sou bastante místico, desde os primeiros ensaios na garagem da casa do pai do Digão várias coincidências foram se acumulando. Foi o mesmo lugar onde fizemos as primeiras músicas do Raimundos, ainda nos anos 80. As músicas e os temas surgiam rápido e, quando tudo já estava tomando corpo, nosso amigo surfista profissional Binho Nunes apareceu do nada com uma "demo" de alguns sons da sua banda, a Beef-Killers, mixadas pelo Billy Graziadei, "frontman" do Biohazard.

Convidamos o Billy sem grandes ambições, e o cara não só aceitou como disse ser fã da banda. Aceitou prontamente, e, ao trocarmos os primeiros e-mails, ele já sugeriu fazermos um "crowdfunding" [financiamento coletivo], ideia que já tinha sido cogitada pelo Marquim, que já estava pesquisando a respeito (sintonia!). Teve até ensaio com a banda toda na sala da minha casa, como na época que antecedeu o [disco] "Só no Forévis". Coincidência em cima de coincidência, parecia que o universo conspirava junto.

Caio - Os quatro juntos no estúdio se deram muito bem, cada um da banda tem uma qualidade —coisa que, sozinho, às vezes, não daria em nada. Mas, juntos, deu muito certo. Conseguimos fazer as músicas muito mais rápido do que tínhamos planejado e tivemos tempo pra lapidá-las junto com Billy. Superou as expectativas sim, porque eu não sabia que nós cinco juntos iríamos dar tão certo.

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Três características do "Cantigas de Roda".

Digão - Rápido, pesado e criativo.

Marquim - Verdadeiro, variado e ramundístico.

Canisso - Véio manco e gordo... Não! Brincadeira! Deixa eu ver... dançante, peão, pauleira... Raimundos!

Caio - Completo (vai do hardcore à balada), carburado e azeitado.

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