Reduto para fãs de Elvis Presley tem karaokê, Carnaval e tributo ao ídolo

Há uma semana, o editor de vídeo Laerte Machado, 42, começou a treinar no chuveiro as músicas que pretende entoar neste Carnaval.

Mas em seu repertório não há samba ou marchinha. O "set list" é composto apenas de rocks de Elvis Presley (1935-1977). Nada mais apropriado, já que a festa pagã que ele vai integrar no próximo domingo (23) se chama CarnaElvis e tem como um de seus chamativos o KaraokElvis.

Laerte é um dos frequentadores assíduos do Espaço Cultural Elvis Arts, localizado no terceiro andar de um prédio que abriga uma molduraria de mesmo nome. O reduto fica na esquina das ruas Amaral Gurgel e Marquês de Itu, na região central.

O lugar foi aberto há três anos pela artista plástica Berenice Dib, dona do negócio. Fã do rei do rock, ela mantém na vitrine dois totens em tamanho real do cantor.

No Natal, quem passa por ali pode ver Elvis com gorro de Papai Noel. No Carnaval, de colar havaiano.

O espaço tem cerca de 120 m², capacidade para 120 pessoas e recebe apenas fãs em eventos realizados duas vezes por mês. A convocação é feita em uma comunidade na internet.

Em alguns encontros, os presentes levam um objeto temático do ídolo para ser sorteado entre os fãs. No dia 8 de janeiro, data de nascimento do astro, cada fã contribui com um prato para uma festa de aniversário.

"Não é um espaço comercial, não ganho dinheiro com isso", conta Berenice, que já visitou 11 vezes Memphis, cidade onde o cantor morou. "Não importa se a pessoa é médica ou motoboy, mas se é fã de Elvis."

Ali é literalmente a Graceland —casa do astro entre os anos 1950 e 70— dos fanáticos pelo americano. Quem sobe ao palco para homenagear o rei no karaokê canta com um fundo ilustrando o local onde Elvis morou. Nas paredes, fotos, toalhas e tapeçarias exibem a imagem do ídolo.

"A gente sente muito a energia dele [Elvis], com o palco e os retratos nas paredes", diz Elvinho Presley, 34, o cover mais requisitado da casa.

Segundo o artista, é quando ele pode entoar canções menos conhecidas, já que o público sabe todas as músicas. "Para me apresentar aqui, preparo meu melhor traje", afirma.

De acordo com Berenice, 70% dos fãs não falam inglês, mas não é necessário entender as letras para se apaixonar: "Elvis traduz na voz um sentimento tão grande que você não precisa saber o significado da letra".

Era gente que entendia esse sentimento que a pedagoga Tina Baptista, 47, procurava quando foi ao espaço pela primeira vez, há três anos. "Amava meu ídolo sozinha, agora eu tenho meu grupo", diz ela, que Conheceu a maioria de seus amigos ali.

Para o CarnaElvis, o público prepara a fantasia. Em meio a tantos Elvis, desconhecidos são bem-vindos, mas devem saber o que os espera. "Quem não gosta nem vem", diz Berenice. "É como ir à igreja e não gostar de Jesus."

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