Com menos maquiagem e mais guitarras, Teatro Mágico lança disco

Para lançar o álbum "O Grão do Corpo", neste domingo (dia 27), no Espaço das Américas, o Teatro Mágico terá direção musical de Daniel Santiago —que é do grupo e já trabalhou com nomes da MPB como João Bosco e Milton Nascimento—, usará figurino com pegada "sportswear" do estilista Marcelo Sommer e poupará a maquiagem carregada característica de suas apresentações.

O TM não é mais o mesmo? Com 11 anos de estrada e três CDs no currículo ("Entrada para Raros", "O Segundo Ato" e "A Sociedade do Espetáculo"), a banda do vocalista Fernando Anitelli, Andrea Barbour (foto), Daniel Santiago, Sergio Carvalho, Ricardo Braga, Rafael dos Santos e Guilherme Ribeiro mantém a aura lúdica, mas amadureceu.

"Estamos mais maduros e queremos mostrar isso também na forma de nos expressar e comunicar", diz Anitelli.

A mudança reflete em um som e visual menos rebuscados —e também mais comuns. O CD traz mais guitarras e teclados, além de referências ao cotidiano. E transita tanto pelo rock, que parece querer estacionar por aí.

Leia entrevista completa com Anitelli abaixo.

sãopaulo - Vocês estão reduzindo a maquiagem... O Teatro não é mais o mesmo?
Fernando Anitelli - São 11 anos de estrada e o Teatro Mágico amadureceu nosso DNA está muito ligado a mudança e quem acompanhou o nosso trabalho nessa jornada, pôde perceber que as coisas foram mudando. O [estilista] Marcelo Sommer assina nosso figurino e as maquiagens deste novo momento, que é o lançamento do "O Grão do Corpo". Ainda somos os mesmos, nossa essência é a mesma só estamos mais maduros e queremos mostrar isso também na forma de nos expressar e comunicar.

Ainda há elementos circenses na banda?
Sim. Só que agora sai o circo, interpretado ao longo dos últimos dez anos No novo show, a ideia é mesclar a densidade e a dramaturgia do circo contemporâneo com forte presença da dança e da prática performativa. Abrindo espaço para características coreográficas e improvisos por meio de instrumentos das artes visuais.

Qual a principal diferença do "Gão do Corpo" para os discos anteriores?
É um disco mais urbano e contemporâneo, que possui a marca do Teatro Mágico que são os jogos de palavras e a aliteração, mas tem algo novo. Temos uma relação maior com a metrópole, com as vertentes artísticas e o que acontece no dia a dia da maioria das pessoas que vivem em grandes cidades.

No release está escrito que o TM "aponta para novos horizontes e possibilidades estéticas e musicais". De que forma?
A partir do momento em que colocamos uma percussão bem marcada de candomblé, que é algo extremamente brasileiro —e feito pelo nosso percussionista Ricardo Braga— junto com guitarras e baixos extremamente contemporâneos. Hoje o Teatro Mágico dialoga com que está acontecendo a nossa volta, com as coisas do mundo e a nossa cidade. Não que não dialogassem antes, mas o lado lúdico dava outro tipo de interpretação que, agora, é mais direta.

Como será o cenário do show? Qual a principal contribuição de Daniel Santiago?
O cenário foi pensado em parceria com o Marcelo Sommer e será todo calcado em projeções de vídeo com as artes do novo CD Teremos sim a presença dos elementos performáticos não tanto circo, mas muitas coisas vem por aí. O Daniel é um companheiro que somou de muitas formas no trabalho da banda, não só musicalmente mais esteticamente. Hoje ele é indispensável para o Teatro Mágico e um grande quadro para a banda estamos felizes com esse encontro.

Em uma entrevista vocês disseram que o perfil do público do TM está mais ligado ao MPB pop de Lenine e que não vem da "elite MPBsística". Mas contrataram Santiago, que já trabalhou com nomes como João Bosco e Milton Nascimento. É uma tentativa de atingir outro público?
O Daniel entra na banda muito mais como um companheiro e um parceiro do que um contratado fomos muito mais motivados em ter um grande quadro na banda que pudesse somar e trazer novas vertentes musicais e experiências do que focar em contatos e trazer novos públicos. E ele hoje é parte do corpo que vai a todos os shows, visto que é o guitarrista. Ele é uma figura indispensável para o Teatro Mágico, a ponto de conseguir traduzir nossos pensamentos e anseios musicais em notas e direcionamentos. Estamos no rumo certo.

O público tem reclamado que o novo disco é mais comercial. O que acham disso?
Em um dos "making offs" que soltamos na internet recentemente falamos sobre isso. Quem nos acompanha há bastante tempo, percebeu ao longo dos anos as mudanças que fomos trilhando. Esse disco reflete a nossa verdade artística hoje. Fizemos ele de coração e esperamos que as pessoas o ouçam de coração e captem as mensagens que queremos passar.

O som está bem mais puxado para o rock. A ideia é seguir por aí?
Sim, isso tem tudo a ver com a proposta de ser mais urbano e ligado as metrópoles


Espaço das Américas. R. Tagipuru, 795, Barra Funda, tel. 3864-5566. 8.000 pessoas. Dom. (27): 20h. 14 anos. Ingr.: R$ 45 a R$ 200. Ingr. p/ 2027-0777 ou www.ticket360.com.br.

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