A um dia da Copa, hospitais ainda não têm intérprete de croata

A um dia da Copa, o plano de emergência médica com que o governo do Estado gastou R$ 8,2 milhões ainda não deu conta de um problema anatômico: o da língua.

A sãopaulo apurou que o Hospital das Clínicas e o hospital Santa Marcelina penam para conseguir intérpretes de croata, língua do primeiro adversário do Brasil, na estreia do mundial, amanhã.

"Ainda não tem uma pessoa que fale nem 'sim' em croata", disse um médico que dá plantão no Santa Marcelina, hospital a dez minutos de carro do Itaquerão, Na semana passada, um novo pronto-socorro de R$ 9 milhões de dinheiro público foi inaugurado lá.

Uma enfermeira que é contratada do lugar disse "Teve até quem fizesse cursinho de inglês, mas croata eu nem sabia que era língua até semana passada." O nome dos profissionais não foi publicado a pedido deles.

A situação é parecida nas Clínicas. Três profissionais do hospital disseram à reportagem que não há um intérprete para fazer a ponte entre um paciente croata e o atendimento médico.

Uma solução foi encontrada para as equipes do Grau (Grupo de Resgate e Atenção às Urgências e Emergências), que ficarão de prontidão nas imediações do Itaquerão. Os médicos, paramédicos e enfermeiros terão um dicionário de 11 idiomas, croata entre eles, com as principais doenças e expressões relacionadas a elas ("dor" e "dificuldade de respirar", por exemplo).

O Hospital das Clínicas e a Secretaria Estadual da Saúde não responderam a pedidos de entrevista sobre o tema.

Aqui tem croata
Caso os hospitais da zona leste e as Clínicas não deem conta de todos os pacientes, o plano prevê que o hospital Sírio-Libanês também ajude.

"No dia a dia temos uma escala de intérpretes. São pessoas que já trabalham dentro do hospital, como uma fonoaudióloga que fala japonês e uma enfermeira que fala italiano", diz o médico Sérgio Arap, do setor de hospitalidade do Sírio.

Em casos de línguas mais raras, como o croata, ele diz "temos o próprio consulado, que se colocam à disposição para tentar encontrar falantes".

O hospital foi indicado pela Fifa como referência e escolhido como hospital para as delegações dos EUA e da França. "O que fizemos de diferente para a Copa foi confirmar se as pessoas estão trabalhando e informar que, nesses dias, o ideal é chegar aqui em meia hora."

Por sua raridade, falantes de croata cobram a mais. Daniele Damiani, da D&D traduções, foi procurada por alguns hospitais. "Temos uma rede de contatos de falantes dessas línguas. Todos os idiomas considerados raros são até 50% mais caros do que o inglês, por exemplo."

Um dos poucos profissionais disponíveis, o tradutor Berivoj Srecko diz que está com a agenda cheia. Atenderá grupos de turistas do seu país natal.

Para os hospitais sem tradutores, ele aconselha uma expressão em croata: "Bolje sprijeciti nego lijeciti". Ou algo como "um grama de precaução vale mais do que um quilo de remédio".

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