Feira vende experimentações com papel em baixíssima tiragem

No meio do caminho entre a livraria e a galeria de arte, há uma feira que vende obras como um maço de folhas de sulfite dentro de um bloco de concreto.

A peça do artista Marcelo Cidade integra a sexta edição da Feira de Arte Impressa Tijuana, que ocorre no próximo fim de semana no Bom Retiro, região central.

Por ali, 120 expositores irão vender livros de artistas, de edição limitada, produzidos artesanalmente ou por pequenas editoras nacionais e estrangeiras.

Desde a primeira edição do evento, em 2009, as publicações vêm ganhando formatos bem diferentes dos tradicionais cadernos com textos, desenhos e fotos.

O visitante que for à Casa do Povo, centro cultural onde o evento é realizado, irá se deparar com um livro que não pode ser folheado ou com caixas cheias de papéis.

Uma delas é a "Zero à Esquerda", com poesias e artes impressas feitas com diferentes técnicas, como a serigrafia e o ofsete.

Dentro da caixa de papelão há trabalhos de cerca de 30 artistas, entre eles Tadeu Jungle [cineasta], Regina Silveira [artista plástica] e do poeta Haroldo de Campos [1929-2003].

"A ideia era fazer uma exposição portátil", explica Omar Khouri, 66, que editou o projeto com o poeta Paulo Miranda. O último exemplar de uma série de 500 feita em 1981 estará à venda por R$ 300.

O ilustrador paulistano Fabrizio Lenci, 26, o fotógrafo argentino Pablo Saborido, 34, e o publicitário colombiano Nicolas Llano, 30, já produziram dois guias sobre restaurantes de São Paulo, que misturavam ilustração, texto e foto.

Desta vez, eles apostaram em um guia formado por uma série de objetos inspirados em um único estabelecimento: o japonês Kintaro, na Liberdade. Cada um dos itens do kit que representa o local foi concebido por um artista convidado.

Quem comprar o Guia San Pablo Kintaro, a R$ 100, levará hashis ilustrados, álbum de fotos, uma bandeira e um boneco em formato de peixe, além de ajudar os dois donos do restaurante, que também são lutadores, a participar do campeonato mundial de sumô no final do mês em Taiwan.

"Eles são atletas e não têm apoio de ninguém. São nossos amigos e queremos levantar uma grana para ajudá-los", conta Saborido.

Segundo Ana Luiza Fonseca, editora e criadora da Tijuana, o público das feiras de arte impressa amadureceu e quem vai aos eventos sabe que encontrará projetos bem experimentais. "No começo, a gente sentia que tinha uma incompreensão muito grande", diz."Mas hoje as pessoas veem graça nisso e o evento é algo esperado."

SERVIÇO
6ª Feira de Arte Impressa Tijuana
Casa do Povo. R. Três Rios, 252, Bom Retiro, região central, São Paulo. Dias 23 e 24 de agosto, das 12h às 20h. Grátis.

Publicidade
Publicidade