A chuva de pequenos triângulos metalizados, vinda de um avião que lançava pedacinhos de papel picado sobre o parque, é uma das coisas mais lindas que Vicente Videira, 66, viu na vida. Ele tinha 6 anos quando o Ibirapuera foi inaugurado, em 21 de agosto de 1954.
"Corria atrás das flâmulas, lembro como se fosse hoje. Fui com o meu pai ao parque e depois fomos ver o jogo do Corinthians no Pacaembu. O time foi campeão paulista naquele ano."
Videira não se lembra das personalidades ou dos discursos, mas das atrações emprestadas pelo Shangai -parque paulistano "sensação das crianças" da época- e das árvores, que ainda eram mudas recém-plantadas no terreno.
O engenheiro aposentado ainda frequenta o parque, onde anda de bicicleta e corre. "Vinha escorregar nos tobogãs. Pegava um saco de estopa e descia bem ali", conta, apontando para onde ficam as quadras.
A lista de presença do programa Corra com a Guarda, criado há pouco mais de um ano, confirma o preenchimento de uma demanda reprimida: cerca de 60 pessoas praticam a atividade física com acompanhamento da equipe de atletismo da GCM (Guarda Civil Metropolitana), três manhãs por semana.
"Percebemos que muita gente corria sem orientação. Outros grupos existem, mas geralmente custam caro", diz o educador físico e guarda-civil Wagner Tavares, 43. A ideia é atribuída ao corredor e frequentador do parque Roberto Porto, secretário de Segurança Urbana do município e responsável pela GCM.
Para participar, basta procurar a tenda de lona azul montada na praça do Porquinho. Os pelotões saem a cada meia hora e são divididos em três níveis de dificuldade. Mesmo quem já tem experiência começa com uma caminhada ao longo dos 3 km do percurso, sempre com orientação dos instrutores.
Além da convivência nas pistas, o programa criou um grupo de amigos, que viaja junto, tem camisetas personalizadas e até "toma uma cervejinha depois". Cria do Corra com a Guarda, a babá Meire Batista, 31, virou maratonista. Desde que começou a treinar, conquistou dez troféus em provas de atletismo.
SERVIÇO
Praça do Porquinho (tenda azul). Portão 6. Seg., qua. e sex.: 8h às 11h. GRÁTIS