Marronzinhos dizem que xingamento e agressão fazem parte da rotina em SP

"Algumas pessoas não nos respeitam porque não temos arma de fogo. Só respeitam a PM", diz, sem se identificar, um dos dez agentes de trânsito ouvidos pela sãopaulo nas ruas da cidade.

Todos dizem que xingamentos e agressões "fazem parte" do trabalho. "Quando alguém comete a infração, acha que não está errado. Quando é o outro, querem punição", reclama um segundo agente. "Como eu sozinho vou mudar a cultura do brasileiro?", completa. Nenhum dos "marronzinhos" quis se identificar. Ao todo, há 1.854 agentes na cidade.

Eles negam a existência de pressão ou "cotas" para aplicação de multas e colocam a culpa por tantas infrações na má formação dos condutores. "As regras não são explicadas. As pessoas aprendem na rua, tomando multa", diz outro. Segundo ele, nem os pedestres escapam. "Não atravessam na faixa, não conhecem nenhuma regra."

Um agente afirmou que existem dois tipos de motorista infrator: "Aquele que não aprendeu porque sabia que poderia comprar a carteira [de motorista] e aquele que sabe das regras, mas não respeita".

"O Código de Trânsito é igual à Bíblia: tem milhares de páginas e tudo é pecado. O código é igual, qualquer coisa é uma infração", explica outro agente. "As pessoas acham que só multamos, mas temos diversas atividades.
A gente mais orienta do que multa."

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