'Cansei de reclamar dos políticos, não adianta', diz Paulo Skaf em entrevista

Presidente licenciado da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o empresário Paulo Skaf, 59, disputa sua segunda eleição para o governo de São Paulo.

Em 2010, ele concorreu pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro), quando obteve 1.038.430 votos (4,5% dos válidos).

Desta vez, o paulistano criado na Vila Mariana tenta chegar ao Palácio dos Bandeirantes representando o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro).

Durante sua campanha, Skaf se posicionou como "um outro caminho" existente contra o cansaço que ele atribuiu aos paulistas no que diz respeito ao governo em gestão.

Dando continuidade à série de entrevistas que a sãopaulo está fazendo com os candidatos ao governo do Estado, o candidato respondeu às perguntas por e-mail.

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sãopaulo - Com qual bairro ou cidade paulista o sr. se identifica?
Paulo Skaf - Me identifico com a cidade, a mais pulsante e a capital do Estado. Além disso, é onde eu nasci, cresci, criei meus cinco filhos e onde nasceram meus três netos.

O que mais o agrada no Estado?
O seu povo, uma gente trabalhadora, honesta, ordeira, que quer construir uma vida melhor.

E o que mais o irrita?
A demora em fazer as coisas acontecerem e a incapacidade do governo em garantir segurança, saúde, educação e transportes de qualidade para que todo o potencial do povo paulista seja realizado.

Por que quer ser governador?
Cansei de reclamar dos políticos. Percebi que não adianta ficar de fora reclamando. Decidi entrar para fazer diferente. Quero levar minha experiência de gestor privado, de gestor de entidades da indústria, para acabar com essa enrolação e fazer as coisas acontecerem.

Os protestos de junho de 2013 mudaram a sua forma de ver a política?
Continuo com a mesma forma de vê-la. Eu percebo que aquelas pessoas que saíram às ruas para protestar de forma legítima estavam com as mesmas ideias que eu tinha quando decidi entrar na política. Protestar e reclamar de políticos são atitudes saudáveis, mas nem sempre resolvem o problema.

É a favor do uso de bala de borracha contra manifestantes?
Não sou a favor de sair dando tiros de bala de borracha, mas também não sou a favor da proibição do seu uso. É um instrumento que a polícia deve ter à disposição para controlar distúrbios de multidões. Mas é preciso haver critérios. Não pode haver abusos.

A polícia deve reprimir os "black blocs" ou deixá-los protestar do jeito deles?
Manifestações têm que respeitar o patrimônio. Da mesma forma que as pessoas têm direito de se manifestar livremente, elas não podem se esconder atrás de uma máscara e eventualmente usar o anonimato para cometer crimes. Toda vez que isso não estiver valendo, o Estado pode recorrer ao monopólio do uso da força para inibir o comportamento fora da lei. E a lei é clara.

Como pretende combater o PCC?
Primeiro, com o rigor da lei. O crime organizado precisa ser combatido com inteligência, informação, investigação e com uso de tecnologia e inovação. Hoje a nossa polícia investiga muito pouco. Vou combater a burocracia do sistema policial para que a PM vá para a rua prevenir crimes e a polícia civil vá investigá-los.

Como se prepara para enfrentar uma eventual crise de escassez de água?
A crise de hoje não é por falta de chuva. É por falta de obras. Há mais de dez anos se sabe o que se tem que fazer, mas as obras não foram executadas. Essas obras precisam sair do papel para nos livrarmos dessa ameaça por décadas. Se o verão não for chuvoso, vamos ter que fazer uma ampla campanha de conscientização para reduzir o consumo, além de buscar fontes alternativas, aumentar o reúso de água e combater o desperdício da Sabesp.

O sr. acha a qualidade da água boa? Bebe água da torneira?
Não tenho o costume, embora já tenha experimentado. Não acho boa.

A tarifa do transporte pode ser zero?
Tenho o compromisso de implantar o passe livre no metrô, nos ônibus da EMTU e nos trens da CPTM para estudantes da rede estadual.

O metrô é a única salvação para o trânsito em São Paulo? Quantos quilômetros pretende construir?
São Paulo deveria ter cerca de 300 km de metrô. Só temos em torno de 75 km. Pretendo quase dobrar a malha, fazendo mais 70 km, entre metrô e monotrilho.

Qual o seu principal projeto para a rede pública de saúde?
A saúde hoje é uma confusão. Precisamos organizar esse serviço. Depois, temos que ampliar o atendimento. A rede de Ames (Assistência Médica Especializada), que é um bom projeto, precisa ser expandida. Farei 52 novas Ames, além de dez novos hospitais para atender o Vale do Paraíba, a Baixada Santista, o litoral norte e a região de Campinas, entre outras.

Utiliza algum serviço público?
Algumas vezes utilizei o metrô.

Quem foi o melhor governador de São Paulo?
Acho que todos deram a sua contribuição. O que a gente precisa discutir é como resolver os problemas atuais.

E o pior?
Estou preocupado é com o próximo governo, que terá de resolver os grandes problemas de saúde, educação e segurança.

Em que político o sr. se inspira?
Um deles é o ex-vice-presidente José Alencar (2003-2011). Uma vez perguntei por que ele decidiu entrar na política. Ele me respondeu: "Skaf, quando você tem um tanque com veneno, a solução é colocar água limpa para diluir o veneno".

Se eleito, qual será a marca do seu governo?
Promover uma revolução na qualidade da educação, no planejamento, na gestão pública, na eficiência, na honestidade e na velocidade da realização nas áreas de saúde, educação, segurança e infraestrutura.

O que não faltará no seu gabinete?
Trabalho. Vou procurar sempre estar cercado dos melhores profissionais.

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