Nunca pense estar sozinho quando for passear no shopping. Você entra na churrascaria, e lá ele está. Ao se servir no bufê do restaurante de comida mineira, ele também está a te olhar. No restaurante japonês, ele é imperador. O peixe cru é onipresente na praça de alimentação. E é seguro para consumo, diz pesquisa.
Entre 27 de maio e 1º de julho, a Proteste (entidade de defesa do consumidor) visitou 30 restaurantes de 15 redes que servem sushi (fatia de peixe cru com arroz), sashimi (cortes de peixe cru) e hossomaki (peixe cru e arroz enrolados em alga).
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Entraram na pesquisa shoppings de todas as regiões da cidade: Morumbi, Iguatemi, Ibirapuera, Mooca, JK Iguatemi, Eldorado, Bourbon e Higienópolis. Cada restaurante foi visitado duas vezes, durante a hora do almoço, e as 60 amostras foram analisadas para identificar a presença de bactérias nocivas à saúde.
"O resultado foi positivo", diz a nutricionista Manuela Dias, que conduziu a equipe do estudo. Das 30 casas, apenas uma tinha comida que poderia fazer mal à saúde. A reprovada foi a Noryko Light do shopping Eldorado, onde o peixe cru tinha bactérias reprovadas pela legislação brasileira.
Os donos do Noryko Light do Eldorado dizem que analisarão toda sua linha de sushis e sashimis e que farão as mudanças necessárias para sanar os problemas.
ALÉM DA LEI
Depois de checar quem estava legalmente apto a servir comida, os pesquisadores foram além.
"A legislação brasileira só cobre um determinado número de micro-organismos para o peixe cru. Nós fomos além e, baseados em dados americanos, analisamos indicadores que mostram a qualidade geral do alimento", diz a nutricionista Dias.
Em todos os restaurantes foram encontrados micro-organismos que denunciam má higiene. Mas não precisa largar os palitinhos hashi e sair correndo em desespero.
"Não é para causar pânico. Essas bactérias não necessariamente fazem mal ao consumidor, há uma chance remota. Peixes crus são naturalmente não assépticos e isso depende muito do sistema imunológico de quem come", diz Dias.
É por isso que grávidas, crianças menores de dois anos e pessoas com problemas imunológicos devem evitar o alimento, explica Marco Miguel, professor de microbiologia da UFRJ.
DELIVERY X COMER FORA
O resultado destoa da última pesquisa que a instituição fez com peixe cru. Em 2010, foi avaliado o sistema de entrega de oito japoneses de São Paulo. Apenas em dois estabelecimentos não foram encontradas bactérias que comprometem a segurança dos sushis e sashimis.
"É sinal de melhoria, sim, mas também de que é melhor comer direto no restaurante, e evitar o transporte, situação em que é mais difícil manter a refrigeração, e as bactérias proliferam", afirma Manuela Dias.
Além de preferir ir até o restaurante, os dois profissionais dão dicas de o que fazer chegando lá. Cheque se o bufê ou esteira onde o prato está é refrigerado. Veja se o movimento é suficiente para repor a comida com rapidez, sem deixar o sushi "dando sopa" por muito tempo. Veja se o sushiman está de luvas e não realiza outra função que não montar os petiscos. Feito tudo isso, fique frio com o seu peixe cru.