'Cenário musical está melhor em SP', avalia a cantora Iara Rennó

Um pôster do filme "Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade, um bom microfone, dois CDs e um single estão na bagagem que Iara Rennó carrega do Rio de Janeiro.

Nascida e criada em São Paulo, a artista viajou para ampliar sua "praça" e retorna agora para uma cidade bem diferente da que deixou.

A impermanência, aliás, permeia seu disco "I A R A" (Joia Moderna), com produção de Moreno Veloso, gravado no Rio. De lá, ela também traz o CD "A.B.R.A Pré-ca - Amigos Bandidos Residentes no Amor Pré & Carnaval", uma coleção de marchinhas autorais ao lado de Cibelle, Rubinho Jacobina e da banda Do Amor.

Outra novidade é o recém-lançado single da canção "Tara", do compositor Negro Leo, que acompanha um clipe feito pela artista e cantora Ava Rocha -comadres do Rio.

Iara, que já acompanhou o compositor Itamar Assumpção nos anos 1990, e integrou a DonaZica, banda pioneira da cena paulistana, fala um pouco sobre suas idas e vindas.

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sãopaulo - Como decidiu ir para o Rio?
Iara Rennó - Eu não decidi, a vida me levou. Fui passar um Réveillon e fui ficando, ficando, e acabei ficando três anos e meio. De lá, fui pela primeira vez para o exterior. Foi uma porta para o mundo [Iara também viajou para Europa e para os Estados Unidos].

Estava cansada de São Paulo?
A praça já estava pequena, precisava conquistar mais espaço, mais público, mais trocas artísticas. Quando eu saí, no fim de 2010, o cenário aqui estava mais restrito no quesito lugares para tocar. Hoje está bem melhor. Isso foi uma coisa que me animou a voltar.

Por que voltou?
Concluí meu ciclo no Rio. Fiz os discos, estabeleci laços, como o que fiz com a Ava e o Leo, e de novo a praça ficou pequena. E a situação aqui está melhor.

O que mudou no cenário musical da época do DonaZica para cá?
Acho que cresceu muito. Mesmo de três anos para cá a cena independente cresceu muito. Tem mais lugares para tocar, como Casa de Francisca, Serralheria, Puxadinho, Casa do Mancha etc etc. Antes tinham lugares mais específicos, tipo Ó do Borogodó, samba. Agora tem um circuito para artistas menos classificáveis por gêneros. A produção também cresceu. A sensação que eu tenho é que tem muito mais bandas do que dez anos atrás.

O que continua presente nessa impermanência toda?
A inquietação artística. Isso é o que me move, literalmente.

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