'Casa do Saber é mais USP do que Daslu', diz fundador e diretor da escola

"Temos muita comunicação com essa mini-Nova York", diz Mario Vitor Santos enquanto aponta para a avenida Faria Lima, a partir de um pufe usado para assistir a aulas na Casa do Saber, no Itaim Bibi.

A escola que ele dirige dá cursos de curta duração sobre assuntos que vão de filosofia a bioastrologia (possibilidade de outros planetas comportarem vida) e completa dez anos.

Esse tempo, afirma Santos, serviu para provar a seriedade do estabelecimento, que já levou o apelido de Daslusp, fusão da loja de luxo Daslu com a USP. "É uma excelente piada, mas a história mostra que somos mais USP do que Daslu."

Marcelo Pereira/Folhapress
Mario Vitor Santos, fundador da Casa do Saber (instituição que debate o conhecimento).
Mario Vitor Santos, fundador da Casa do Saber (instituição que debate o conhecimento).

sãopaulo - Esperava chegar ao aniversário de uma década?
Mario Vitor Santos - A gente pensava que isso aqui fosse durar dois anos, que seria passageiro. Estimávamos um mercado muito menor do que se encontrou.

Todos os alunos daqui já resolveram as questões materiais ou se formam para o mercado?
As questões de sobrevivência material sim, mas para "performar" bem, essas pessoas precisam de conhecimento. Não é que elas resolveram tudo e podem gastar consigo mesmas. É para poder se adaptar às mudanças do mercado. O que vai te enriquecer mais e te tornar mais versátil para aquilo que for acontecer? O saber.

A cidade tem características que colaboraram para esses dez anos?
São Paulo parece ser o lugar perfeito para o saber. É uma cidade altamente dependente do saber. Aqui, mais do que em qualquer outro lugar, está reunido um grupo de pessoas muito grande com uma renda média alta e altamente dependente do conhecimento. As pessoas têm uma humildade que vem de uma espécie de capitalismo concorrencial. Pensam: "Eu preciso saber. Não posso fazer muita pose".

No começo, os cursos eram de filosofia. Hoje, há oficinas práticas. Por que a mudança?
Depois de dez anos, é preciso diversificar. Nós temos dois tipos de aluno: os que já fizeram cursos e os que nunca fizeram. Os 50% que continuam querem coisas novas. Eram eles próprios que solicitavam coisas mais práticas. Então fizemos.

Há alguns meses, passaram a vender cursos on-line, como um sobre Palestina, com cinco aulas a R$ 900. Quais são os planos de expansão?
Esses cursos terão iluminação e som especiais, para ter o mínimo de qualidade, como é aqui. A ideia é democratizar o conhecimento que temos sem abrir uma rede de franquias. Nossa vida ficaria muito chata se tivéssemos franquias. Há também alguns programas em outras mídias. Existem demandas iniciais de canais de televisão a cabo. Deve ser um talk show.

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