Eleição reconfigura Câmara, abrindo vaga para novato e velhos conhecidos

O comerciante Jonas Camisa Nova (DEM), 52, passou a semana passada comemorando duas alegrias que teve em 5 de outubro, primeiro turno da eleição. "Ganhei um mandato e nasceu a minha primeira neta."

O avô não disputava nenhum cargo. Na verdade, ele faz parte do banco de reservas da Câmara paulistana. "Todo suplente fica torcendo para os companheiros ganharem", disse Camisa Nova, na quarta-feira.

O futuro vereador, que na certidão se chama João, é sócio de uma padaria no Jardim São Luís, na zona sul. Seu objetivo é conquistar recursos para o bairro.

O comerciante é o único puramente novato entre os sete suplentes que devem se mudar para a Casa.

No time dos experientes, ninguém supera Wadih Mutran (PP), 78. Quando voltar, o conhecido político da zona norte será o ocupante com mais tempo de Casa —desde 1983.

"Sou o vereador que mais fez projetos", afirma Mutran, que costuma responder a qualquer pergunta com a mesma frase: "Tudo aquilo que é bom para a população eu apoio".

O publicitário Quito Formiga (PR), 52, ocupará o cargo pela terceira vez. "Eu confiava que os candidatos do meu partido se elegeriam." Espírita desde criança, ele diz psicografar desde 1986. "Não recebi sinal do além, mas confiava no meu trabalho."

Também devem seguir para a Câmara Marcos Belizário, 51, do PV, e os tucanos Adolfo Quintas, 61, Aníbal de Freitas Filho, 59, e Salomão Pereira, 64. Em comum, a maioria compartilha o descontentamento com a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). As exceções são Mutran e Formiga.

Os demais criticam sobretudo a forma de expansão das ciclovias e das faixas de ônibus. Dizem que são criadas aleatoriamente. Procurada, a Secretaria Municipal de Transportes disse que não se manifestaria.

INCERTEZA

Apenas Pereira deve aguardar para preparar a mudança. Há chances de Antônio Carlos Rodrigues (PR), 64, deixar o Senado, no qual é suplente, e reassumir o mandato na Câmara.

A troca pode ocorrer se o PSDB vencer a corrida presidencial, resultando na queda da petista Marta Suplicy, ministra da Cultura. Com isso, ela reocuparia a cadeira dela no Senado —hoje preenchida por Rodrigues.

Além de manter Pereira na fila de reservas, o regresso de Rodrigues abre a possibilidade de alterações no biorritmo da Casa, que já presidiu. Ele era um dos líderes do centrão, bloco que ora votava com o governo, ora com a oposição. Se reorganizado, o grupo pode dificultar a aprovação de projetos da gestão Haddad.

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Confira onde cada novo vereador teve mais votos

Adolfo Quintas (PSDB)
24% em Ermelino Matarazzo (6.436 dos 26.693 votos que ele teve vieram desta zona eleitoral)

Aníbal de Freitas (PSDB)
26% no Jaçanã (6.707 de 25.434 votos)

Jonas Camisa Nova (DEM)
43% no Jd. São Luis (10.568 de 24.616 votos)

Marcos Belizário (PV)
10% no Tatuapé (1.322 de 13.645 votos)

Quito Formiga (PR)
11% na Vila Prudente (2.441 de 24.195 votos)

Salomão Pereira (PSDB)
5% no Rio Pequeno (1.005 de 23.174 votos)

Wadih Mutran (PP)
51% na Vila Maria (13.742 de 27.749 votos)

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