CET calcula errado largura do canteiro central para ciclovia na Paulista

Apresentado há dois meses, o projeto da ciclovia da avenida Paulista ainda não possui o projeto executivo pronto, mas o mostrado pela CET tem problemas.

O primeiro é que, no desenho, o canteiro central mede 3,5 m e deverá ser alargado para 4 m, tirando 25 cm de cada lado das quatro pistas de carros e ônibus. As três de carro (em cada sentido) passarão de 3 m para 2,8 m. As faixas de ônibus (uma de cada lado) passarão de 3,5 m para 3,3 m.

A sãopaulo, porém, percorreu a avenida e comprovou que, na altura do nº 620, o canteiro central mede 2,30 m, enquanto, na altura do nº 1.100, a largura do canteiro sobe para 2,85 m. Em frente ao Masp, o canteiro tem a mesma largura que em frente ao nº 1.811 (2,45 m). Na altura do nº 967, a medição é de 2,57 m. Próximo ao Conjunto Nacional (nº 2.000), o canteiro mede 2,50 m.

"É possível que a pista da Paulista seja variável e a largura continue sendo possível", diz Sergio Ejzenberg, consultor e mestre em transportes pela Escola Politécnica da USP. "Caso contrário", pondera, "estamos com a falta de 1,50 m".

Se o projeto da CET prevê a retirada de apenas 25 cm de cada lado das pistas, a medição da reportagem mostra que serão necessários mais cortes. "Conforme vai estreitando [a via], aumenta o risco de acidentes, principalmente quando há motos no meio", diz Ejzenberg. "Não bater os números [das medidas] é um absurdo. Isso não poderia ter acontecido", diz.

A CET informa que "o projeto executivo da Ciclovia da Paulista ainda está sendo estruturado". "Ainda não temos o detalhamento do projeto que trará, entre outras coisas, as especificações de remoções, interferências e as metragens definitivas da ciclovia", diz a nota enviada à Redação.

"Não estamos sendo claros com as medidas que vão ser aplicadas. Na avenida 23 de Maio aconteceu algo parecido, quando pintaram as faixas de ônibus. Uma delas ficou apertada demais e isso, para a segurança, não é bom", completa Ejzenberg.

RELÓGIOS DIGITAIS

O outro problema que ainda não foi resolvido pelo projeto da CET é sobre o que será feito com os relógios digitais instalados no canteiro central da avenida.

Os 12 relógios não estão ilustrados no projeto, conforme a sãopaulo antecipou em setembro. Dois meses depois, a CET ainda não tem uma definição.

Os relógios fazem parte da concessão da prefeitura com o consórcio A Hora de São Paulo, liderado pela multinacional JCDecaux. "Continuamos a tratativa [com a prefeitura]. Os relógios vão ser deslocados para acompanhar o trajeto da ciclovia, mas não serão removidos", diz Ana Célia Biondi, diretora da JCDecaux do Brasil.

O projeto da ciclovia foi apresentado pelo secretário de Transportes Jilmar Tatto e ficou dois meses para apreciação. Na semana passada, a Câmara realizou audiência pública para ouvir sugestões, mas não mostrou nenhuma novidade.

A ciclovia está prevista para começar a ser construída em janeiro e deve levar seis meses para ficar pronta. O custo estimado é de R$ 15 milhões.

A opção de construir a ciclovia no canteiro central é uma forma de "manter a paisagem urbana", lembra Tadeu Leite, diretor da CET. Desse modo, não seria necessário transferir o abrigo de ônibus, localizados nas laterais da via, para o centro.

O projeto prevê ainda a abertura do cruzamento da avenida Paulista e da rua da Consolação, como uma forma de dar continuidade ao tráfego de bicicletas e pedestres no sentido do Pacaembu.

Durante a execução das obras, as floreiras e os relógios serão removidos, uma pista de rolamento de cada lado será interditada e a ciclofaixa de lazer, que acontece aos domingos, não vai funcionar durante o período.

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