Violão é a estrela em projeto que já existe há 11 anos; leia entrevista

O violão está para os instrumentos musicais assim como o futebol está para os esportes. É uma paixão.

Quem diz isso é o premiado violonista brasileiro Paulo Martelli, que também é o idealizador e diretor do projeto Movimento Violão, que há 11 anos reúne artistas consagrados e novos talentos em uma série de shows pelo país —e no exterior também.

A ideia é oferecer uma programação de alto nível —para aqueles que já são aficionados pelo instrumento— e despertar o interesse em quem nunca viu um espetáculo desse.

"Nosso objetivo é mostrar uma gama enorme de grandes violonistas brasileiros e trazer os maiores representantes internacionais, combatendo, assim, o possível resíduo de preconceito que ainda possa existir ao violão nas salas de concerto", explica Martelli.

Victor Schneider/Divulgação
Violonista Paulo Martelli, idealizador do Movimento Violão, diz que em 2015 pretende levar o projeto a mais cidades
Paulo Martelli, idealizador do Movimento Violão, pretende levar o projeto a mais cidades em 2015

Atualmente, o Movimento Violão é realizado mensalmente em São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto, além de também ser apresentado no Kennedy Center, em Washington, nos Estados Unidos.

Dos concertos, que são transmitidos pela Sesc TV, foram produzidos CDs e DVDs que são distribuídos gratuitamente em escolas de músicas do país. Em 2015, a ideia é aumentar o alcance do projeto e levá-lo para Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outros locais do Nordeste.

O músico, que é um dos únicos especializados em violão de 11 cordas do mundo, fecha a programação do ano em 9/12, em uma apresentação com obras de Bach (1685-1750).

Divulgação
Violonista Fábio Zanon
Violonista Fábio Zanon realiza concerto na próxima sexta (28) no Sesc Consolação, com entrada grátis

Antes, na próxima sexta-feira (28), dá para ver o paulista Fábio Zanon em cena. Referência erudita no país, ele é formado na prestigiada Royal Academy of Music, de Londres, e mantém constante agenda de shows na Europa.

No programa desta apresentação, que dura cerca de uma hora, estarão temas de Henry Purcell, Manuel Ponce, Bach, Enrique Granados e Francisco Mignone.

Os dois concertos serão no Sesc Consolação (centro), com entrada grátis.

Para agenda e mais informações, acesse movimentoviolao.com.br

Sesc Consolação - teatro Anchieta - r. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, centro, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3234-3000. Fábio Zanon. Sex. (28/11): 21h. 60 min. Paulo Martelli. Ter. (9/12): 21h. 12 anos. Grátis.

*

LEIA BATE-PAPO COM PAULO MARTELLI:

sãopaulo - Você acha que as pessoas ainda têm certo preconceito de ver um show instrumental de violão?
Paulo Martelli - O violão de concerto tem uma história relativamente recente, quando comparada a instrumentos como o piano, o violoncelo ou o violino. Somente no século 20 o violão ganhou o devido reconhecimento como instrumento erudito, tomando, então, seu devido espaço nas salas de concerto. Acredito que o violão deixou de ser um instrumento marginalizado há muito tempo.

E no Brasil?
No Brasil, em especial, temos o violão como um instrumento central na alfabetização musical. Podemos dizer que o violão timbrou a música brasileira, por estar presente em quase todos os tipos de manifestações musicais, especialmente na MPB. Essa paixão pelo instrumento faz do Brasil um grande celeiro de excelentes violonistas, que figuram entre os melhores e mais proeminentes da história deste instrumento.

Podemos dizer que o violão que é o instrumento musical que está, no Brasil, como o futebol está para os esportes. Nosso objetivo é mostrar essa gama enorme de grandes violonistas brasileiros, visando também trazer os maiores representantes do violão internacional. Desta forma, combatendo o possível resíduo do tal preconceito que ainda possa existir ao violão nas salas de concerto.

O que você diria para convencer alguém a ir pela primeira vez a um concerto de violão? Por que vale a pena?
O violão figura entre os instrumentos que despertam maior paixão nos ouvintes de música. A sonoridade é linda e rica em timbres e cores, e o repertório apresenta uma variedade incrível de estilos, passando do erudito à linguagem mais popular. Penso que temos uma escola muito forte de violão no Brasil, e o Movimento Violão, além de apresentar o melhor disso, traz também os melhores violonistas internacionais da atualidade.

Acredito que esses adjetivos, somados à proposta séria do nosso projeto, são suficientes para despertar o interesse no público que ainda não assistiu a um recital de violão.

Quem ainda não participou e que você gostaria muito de ver no Movimento Violão?
Nesses 11 anos de existência, o projeto reuniu boa parte dos violonistas nacionais e internacionais. Em 2015, nossa agenda será ainda mais intensa, graças à inclusão de uma programação internacional bastante interessante. Obviamente, visamos sempre trazer expoentes do mais alto escalão, e sempre surgem novos nomes, ano a ano.

Somado a isso, sempre temos o objetivo de abrir espaço para jovens talentos. Dentre os que ainda não se apresentaram, visamos trazer no futuro Manoel Barrueco, Lorenzo Michelli e Mark Delpriora, entre outros.

Como você concilia sua vida de concertista internacional com as atividades do projeto?
Ao longo dos anos, eu aprendi a dividir meu tempo com eficiência. Procuro ter disciplina nos meus estudos diários e manter um repertório sempre em dia no violão de 11 cordas e no violão tradicional. Atualmente, essas duas atividades se complementam. Minha vida não seria completa sem continuar meu trabalho como solista e, ao mesmo tempo, criar espaço para o violão no Brasil e no exterior.

O que espera mais do Movimento Violão? Onde quer chegar?
O projeto cresceu muitos nessas últimos anos. Em 2015, estaremos em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Ribeirão Preto e Nordeste. Em 2011/2012, tivemos uma programação no Kennedy Center, em Washington, nos Estados Unidos. Temos produzido DVDs e CDs, que são distribuídos gratuitamente nas escolas de música do Brasil, visando a fomentação e educação musical.

Também temos uma programação diária no Sesc TV, gravada ao vivo em São Paulo. Estamos investindo na criação de um acervo do violão atual por meio desses programas de TV e também do Movimento Violão Sinfônico, que é um projeto que apresenta a produção para violão e orquestra. Meu objetivo é manter toda essa atividade e, na medida do possível, ampliar isso, levando nossa série de concertos a mais cidades do Brasil, e, se possível, do exterior.

Publicidade
Publicidade