Rapper paulistano lança música em homenagem à Vai-Vai, que faz 85 anos

Assim que chegou 2015, o grêmio recreativo Vai-Vai comemorou a chegada de seu 85º ano. Fundada em 1930, a tradicional escola de samba paulistana faz aniversário no dia 1º de janeiro.

Naquela mesma data, o rapper Max B.O., 35, atual apresentador do programa "Manos e Minas" na TV Cultura, lançou a música "Samba na Quebrada", que homenageia a efeméride celebrada pelo grupo alvinegro.

Wander Willian/Divulgação
O rapper paulistano Max B.O. lançou uma música em homenagem à escola de samba Vai-Vai, que completou 85 anos
O rapper Max B.O. lançou música em homenagem à escola de samba Vai-Vai, que completou 85 anos

"A música surgiu por causa do 'beat' [batida] que o [produtor musical] Wzy fez com instrumentos de samba. A partir daí, achei justo fazer essa homenagem à maior campeã do carnaval paulistano", explica o MC paulistano batizado Marcelo Silva.

Criado na Cohab Jardim Antártica, na zona norte da capital paulista —e atual morador da Lapa—, o músico, que já morou na Bela Vista, se diz Vai-Vai desde que começou a "curtir carnaval, em 1995".

"Desde então, nunca me desliguei da comunidade, sempre estou lá, sempre tenho algum show que tenho amigos do [grêmio] Vai-Vai tocando junto... São 20 anos de amor por essa escola", conta. Ele tem o símbolo da Vai-Vai tatuado no braço.

Leia abaixo entrevista com o rapper Max B.O. sobre a faixa "Samba Quebrada". Ainda no primeiro semestre deste ano ele deve lançar a mixtape "FumaSom vol. 1".

*

Vídeo

sãopaulo - Qual a influência e importância do samba na sua criação musical?
Max B.O. - Ele tem influência na minha criação de sambas. Já tenho uns 20 [sambas] mais ou menos, uns 12 que já penso em botar pra jogo. Mais a coisa do partido alto, versatilidade. Nada contra os outros, mas não faço hip-hop com samba nem samba com hip-hop. Sempre fiz rap. "Samba Quebrada" fala do Vai-Vai, os instrumentos são de samba, mas a composição –do beat e letra– são rap. E no meu samba é a mesma coisa: tem repique, tantã, pandeiro, cuíca e violão

Você frequenta a sede da Vai-Vai? Já chegou a tentar escrever algum samba para a escola?
Vou ao Vai-Vai sempre que posso. Vou aos ensaios, ao ensaio técnico e desfile. Já possuo uma boa pasta de sambas, mas ainda não tive essa honra. Participei do disco do Zeca do Cavaco, que é compositor de sambas campeões, e sempre sinto essa energia, vontade de fazer o enredo. Às vezes falam que eu devia desfilar na ala dos compositores. São dois sonhos que espero realizar: pisar no sambódromo na ala de compositores do Vai-Vai, servindo a minha escola com o que faço de melhor –usando minha voz. Se for cantando um samba meu, melhor ainda. Mas, mesmo que não vencesse a escolha do enredo, só de entrar nessa disputa, já é uma grande honra.

Na música "Samba Quebrada" você cita nomes de sambistas importantes de São Paulo, como Pato N'Água, Pé Rachado, Thobias da Vai-Vai, Osvaldinho da Cuíca... Qual a sua relação com os trabalhos dessas pessoas?
Conheço o Thobias desde 1993, porque estudei com uma filha dele nesta época. Sempre que nos vemos é lá no Vai-Vai mesmo. Minha aproximação maior é com o Osvaldinho da Cuíca, que, para mim, é um dos maiores nomes que o samba já conheceu, um mestre. Artista ímpar, pessoa que tive a oportunidade de já trabalhar junto e de trocar sempre uma boa ideia e um forte abraço quando nos encontramos. Os demais, conheço de minhas pesquisas pelo samba e das conversas que rolam no entorno da rua São Vicente [rua da Bela Vista onde fica a sede da Vai-Vai].

Você chegou a conhecer pessoalmente o Geraldo Filme [sambista importante ligado à escola]?
Não o conheci pessoalmente, infelizmente. Mas Geraldo Filme representa muita coisa pra mim, a alma do samba paulista, a pegada do nosso sotaque no samba do Bixiga, o samba com histórias, pesquisa histórica, influências e referências. Coisas que hoje em dia não existem mais. Em 2010, quando lancei meu primeiro álbum solo, "Ensaio, O Disco", esse nome foi uma homenagem ao programa "Ensaio", da TV Cultura, com Geraldo Filme, que mudou meu jeito de ver o samba. E esse trabalho foi dedicado ao Geraldo Filme e ao Wilson Simonal.

Publicidade
Publicidade